Por: Henrique Wogel

Um casal em amplexo axilar

Um casal em amplexo axilar

Passada a agitação dos machos durante o comportamento de corte, cantos nupciais, duelos agressivos e lutas acirradas dão lugar ao silencioso e envolvente acasalamento das pererecas, quando machos e fêmeas unem-se com uma única finalidade: produzir novos descendentes.

No momento em que o macho alcança a fêmea, ele sobe em suas costas e segura-a fortemente, com seus braços próximos às axilas dela. É o chamado abraço ou amplexo axilar. Neste momento, o casal está pronto para dar início ao comportamento de oviposição, ou seja, iniciar a liberação dos óvulos pela fêmea, a fertilização destes pelos machos e, ao mesmo tempo, a construção do ninho. Como acontece com a maioria dos anfíbios anuros (sapos, rãs e pererecas), a fertilização dos óvulos se dá externamente (do lado de fora) ao corpo da fêmea (ao contrário dos mamíferos, por exemplo, que fazem fertilização interna).

Porém, de um modo muito especial, a perereca da folhagem deposita seus ovos sobre folhas de árvores ou arbustos que estiverem suspensas em qualquer corpo de água, como poças e lagos. Daí a utilização da expressão berçários suspensos. A folha utilizada para depositar a desova é cuidadosamente dobrada pelo casal, ao mesmo tempo em que a fêmea libera os óvulos e o macho os fertiliza. Ao final da fertilização, o macho abandona a fêmea, que permanece sozinha para fazer os retoques finais no seu valioso ninho (que também será abandonado pela ela).

Folha aberta contendo uma desova. Note os embriões e as cápsulas d’água.

Juntamente com os óvulos, a fêmea libera grande quantidade de pequeninas cápsulas de água. Essas cápsulas, mais o fato de a folha permanecer dobrada, garantem a hidratação, a proteção contra dessecação e, consequentemante, a sobrevivência dos embriões durante toda a fase em que permanecem fora da água. Passados alguns poucos dias, os girinos, em tamanho maior, começam a se movimentar ainda dentro dos ovos gelatinosos. Esses movimentos rompem os ovos e, passando por um orifício na ponta da folha, os girinos caem na água, onde completam seu desenvolvimento até atingirem a metamorfose.

Data Publicação: 26/11/2021