Por: Manuela Musitano

Os poríferos são animais invertebrados, que possuem um conjunto corporal bem simplificado, apenas uma fina estrutura externa cheia de furinhos microscópicos e uma abertura grande na ponta, chamada de ósculo. Não possuem sistema nervoso, músculos e nem órgãos internos. Por apresentarem características tão diferentes de outros animais e por não reagirem a estímulos externos é que os poríferos, ou esponjas, foram classificados primeiramente como sendo plantas, devido ao seu comportamento séssil, isto é, de pouco movimento.

Foi Aristóteles quem classificou as esponjas como plantas, na Grécia Antiga, mais ou menos em 350 a.C. Nesta época também começou a utilização de uma espécie de esponja para esfregar a pele durante o banho, método usado até hoje, mesmo com a industrialização de esponjas artificiais. A classificação no reino animal só se deu no séc. XVIII, depois dos poríferos terem sua fisiologia estudada e reconhecida como sendo a de um animal.

A alimentação das esponjas é feita através dos microporos. A água entra por eles e sai pelo ósculo, diminutivo de boca em latim, filtrando os organismos que são retidos, como alimento, nas células das esponjas. Uma esponja de tamanho médio, do tamanho de um punho fechado, é capaz de filtrar até dois mil litros de água por dia. Além de alimentação, a filtragem também é feita para oxigenação da esponja, através da passagem do oxigênio dissolvido na água e excreção e eliminação do gás carbônico.

Reprodução

Diferente do que se pode pensar ao assistir o desenho animado Bob Esponja – Calça Quadrada, um porífero não interage com outros seres vivos. As esponjas se fixam em alguma coisa dura, que pode ser uma pedra ou até mesmo um pedaço de tronco de árvore submerso, e ali crescem e se desenvolvem. No máximo, o que pode acontecer é a interação entre dois seres da mesma espécie na hora da reprodução, o que também não é uma regra, já que nem todas as esponjas possuem uma reprodução sexuada, com a troca de dois gametas distintos.

No caso da reprodução assexuada, uma parte do esqueleto da esponja que se rompe pode se fixar novamente a uma pedra e se regenerar, o que também acontece com o pedaço que ficou preso e que perdeu uma ponta. Os poríferos, cujo significado é portador de poros, têm a maioria das espécies fixadas em substratos, mas também há algumas que crescem na lama ou na areia do fundo do mar. Estas são um pouco maiores que as demais, justamente para que não sejam soterradas pela mobilidade do terreno.

Além da classe Demospongiae, aquelas que se caracterizam pelas suas fibras de espongina, utilizadas durante o banho, outras espécies também são exploradas economicamente. Há algumas que produzem metabólitos secundários, compostos que garantem vantagens de defesa e comunicação entre espécies. Farmacologicamente, estes metabólitos são utilizados na fabricação de medicamentos anti-inflamatórios, antibióticos e até em tratamentos contra o câncer.

As esponjas já foram fonte de riqueza em alguns países, como Cuba e Bahamas. Isso aconteceu nas décadas de 1930 e 1940, sofrendo um declínio após a contaminação dos mares e a exploração excessiva dos poríferos. Mais valorizadas a partir da diminuição de espécies comercializadas, no ano de 1985, um quilo de esponja bruta, importada pela França, podia ser encontrada por 16 a 86 dólares, dependendo da qualidade apresentada.

O fóssil mais antigo encontrado de um porífero foi datado como pertencente à Era Neoproterozóico, aproximadamente 600 milhões de anos atrás. A partir desta descoberta, pode-se dizer que a esponja é o primeiro animal a ocupar o planeta Terra. As esponjas são animais de fácil adaptação, podendo ser encontradas na água doce e em todos os mares. A  maioria habita regiões tropicais, mas há também algumas espécies localizadas em mares polares.

Facilmente confundida com recifes de corais, as esponjas não possuem características físicas comuns. Elas podem ter várias ramificações em uma única base ou parecer que são um corpo uniforme. Isso prova que as espécies são bem diferentes umas das outras, tanto na questão da simetria corporal, quanto nas cores em que se apresentam. Ou seja, nem todas as esponjas são amarelas e quadradas como nosso amigo Bob Esponja.

Pequenos camarões em torno de duas esponjas (amarela e branca)

Pequenos camarões em torno de duas esponjas (amarela e branca)

Consultoria: Vânia Rocha, bióloga / Museu da Vida (Fiocruz).

Fontes de imagens:

Ocean Explorer da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) http://oceanexplorer.noaa.gov/welcome.html

Data Publicação: 23/11/2021