Por: Amanda Feitor e Ana Palma

Eles são os hippies da floresta, sempre bailando na copa das arvores. Igualitários, convivem de forma harmoniosa e tratam-se com carinho. Quando ameaçados, ao invés de lutarem, abraçam-se formando um grande grupo que acaba afugentando o agressor.

Tanta paz e amor devia, pelo menos, fazer com que vivessem tranquilos. Nada disso!
O muriqui é uma das 35 espécies mais criticamente ameaçadas de extinção do planeta, devido à destruição do habitat, caça ilegal e baixa taxa de reprodução. Candidato a mascote das Olímpiadas do Rio de Janeiro, é encontrado apenas no Brasil em alguns trechos de Mata Atlântica, do sul da Bahia ao norte do Paraná.

Muriqui-do-norte (1)

Muriqui-do-norte (1)

Símbolo da Mata Atlântica

Também conhecido como mono carvoeiro, os muriquis dividem-se em duas espécies: o muriqui-do-sul e o muriqui-do-norte. A principal diferença é que enquanto o primeiro não possui polegar, o segundo tem um polegar vestigial. Além disso, o muriqui do norte apresenta áreas despigmentadas na face negra.

Muriqui-do-sul (2)

Muriqui-do-sul (2)

O muriqui-do-sul (Brachyteles arachnoides) é encontrado do sul do Rio de Janeiro ao norte do Paraná. Já o muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) está presente o noroeste do Rio de Janeiro (Parque Nacional de Itatiaia ou Serra da Mantiqueira) até o sul da Bahia.

Considerado símbolo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, o muriqui é o maior primata das Américas. No cativeiro, os machos chegam a pesar 15 kg e medir 595 mm (comprimento total da cabeça e corpo) e as fêmeas, 13 Kg e medir 573 mm. Na natureza, são significativamente menores. Vivem em média de 20 a 25 anos.

Sua pelagem é espessa e macia, de cor marrom-amarelada. Sua face é negra e desprovida de pelos. A coloração da pele das mãos, pés, planta da cauda e escroto também é negra. Barrigudos, possuem braços e cauda incomumente longos e testículos volumosos.

Comportamento zen

O muriqui é extremamente pacífico, ao contrário de outras espécies de primatas. Não briga por território, não compete pelas fêmeas. Estão sempre se abraçando, seja quando se cumprimentam ou quando encontram outros grupos de muriqui ou outras espécies. Herbívoro, alimenta-se de flores, frutos e, principalmente, folhas e tem hábitos diurnos.

Sua organização social é fluida e aparentemente igualitária. Vivem em grupos de até 35 indivíduos, movimentando-se pela floresta, machos no centro, fêmeas e filhotes ao redor. Estão sempre se comunicando pela vocalização.

Locomovem-se pela copa das árvores e chegando a dar saltos de até dez metros. Movimentam-se por braquiação, isto é, por meio dos longos braços e das mãos. Seus dedos se parecem com ganchos, o que o torna um excelente escalador. Sua cauda é preênsil.

Sexualmente ativos

Muriquis são promíscuos, polígamos e sexualmente muito ativos. Fêmeas adultas no estro copulam com vários machos num curto espaço de tempo, sem que haja competição ou atos de agressão ente os machos.

A gestação dura de 7 a 8 meses com o nascimento de apenas um filhote. O intervalo entre as gestações é de 2 a 3 anos e corresponde, geralmente, aos meses de seca.

Os muriquis são filopatricos, isto é, os machos permanecem no grupo em que nasceram por toda a vida. Por volta dos seis anos, as fêmeas saem em busca de um novo grupo, no qual atingem a maturidade sexual e geram seus primeiros filhotes, geralmente entre os 8 e 11 anos.

Fotos:

(1) Peter Schoen/Flickr

(2) Carlos Henrique Luz Nunes de Almeida

(3) Peter Schoen/Flickr

Muriqui-do-norte (3)

Muriqui-do-norte (3)

Fontes:

Preserve Muriqui

 

Data Publicação: 23/11/2021