Publicada em: 20/08/2007 às 17:00 |
Luiz Sá: um desenhista a serviço da saúde
Na mesma época que Reco-Reco, Bolão e Azeitona faziam muito sucesso, entre os anos 30 e 50, o seu criador Luiz Sá trabalhava também como funcionário do Serviço Nacional de Educação Sanitária - um órgão governamental criado em 1941, durante o governo do presidente Getúlio Vargas - e ilustrou vários livros e folhetos sobre saúde pública e prevenção de acidentes.
![]() Alimentação e cuidados com a pele eram alguns dos temas das cartilhas Os livrinhos tratavam de assuntos variados de saúde, higiene e alimentação. Falavam de doenças específicas, mas também de cuidados do cotidiano. Uma delas ensinava até mesmo a que horas as pessoas deveriam tomar banho! “Todos os dias, de preferência pela manhã”, era o que se acreditava na época ser o mais certo. Regras de como cuidar das desagradáveis espinhas, e de como escolher os alimentos mais nutritivos são outros exemplos do conteúdo desse curioso meio de divulgação. A cartilha que tratava de câncer falava de um avanço daqueles dias: já era possível curá-lo com as técnicas existentes, desde que fosse descoberto no início.
![]() Luiz Sá Depois dessa época de ouro dos seus desenhos, a vida de Luiz Sá não ficou nada fácil. Durante os anos 60, aconteceu uma verdadeira invasão dos quadrinhos estrangeiros, e por isso muitas revistas brasileiras fecharam. Por isso, o artista retirou-se para viver afastado em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio. Ele contraiu tuberculose em 1974, e foi internado no Sanatório Azevedo Lima, em Niterói. Apesar das dificuldades, continuou a trabalhar em prol da saúde, e durante sua internação, realizou cerca de 50 desenhos. Alguns retratavam o bacilo de Koch, causador da tuberculose, e outros inimigos da saúde. O desenhista se recuperou e voltou para casa após o tratamento, mas alguns anos depois, em 1979, acabou falecendo de complicações causadas pelo problema no pulmão.
![]() Inimigos da saúde desenhados com bom humor pelo artista Luiz Sá atuou em diferentes áreas e seu desenho faz parte do nosso dia-a-dia até hoje: ele é o criador gráfico do bonequinho das críticas de cinema do jornal O Globo, criado em 1938, e que indica a cotação dos filmes. O desenhista também merece ser aplaudido de pé. Colaboração: Pedro Paulo Soares, diretor do Museu da Vida / COC/ Fiocruz Veja também: O Serviço Nacional de Educação Sanitária |
Museu da Vida - Casa de Oswaldo Cruz - Fiocruz
Apoio: CNPq