Por: Bruno Delecave
A oposição de cores, luz e sombra ou massa destaca os valores de uma obra de arte. Este tipo de oposição também é chamado de contraste. Artistas utilizam diferentes técnicas para criar contraste em seus trabalhos. Venha, a partir de um breve passeio pela história da arte, entender algumas relações de contraste entre cores criadas ao longo do tempo.
O Claro-escuro de Caravaggio
A oposição entre luz e sombra se desenvolve entre dois pólos: preto e branco. A distância entre esses dois pólos é gigantesca. Artistas como Caravaggio (1571-1610) eram capazes de explorar este amplo espaço graças ao conhecimento de perspectiva e do efeito físico da luz e das sombras sobre objetos.
O contraste entre as cores dos corpos e do cenário substitui as linhas de contorno na pintura. Essa utilização de luz e sombras ficou conhecida como chiaroscuro (claro-escuro em italiano).
Impressionismo, cores frias e quentes
Você já ouviu falar em cores quentes e cores frias? As cores quentes são as cores do fogo, do sol e do verão. Enquanto as cores frias estão na água, no céu, nas árvores e na paisagem do inverno. Juntos, quente e frio criam contraste.
A maior parte das flores tem cores quentes. Como na natureza predominam as cores frias, as flores se destacam. Isso atrai diversos tipos de animais necessários para a reprodução das flores – os polinizadores. Artistas se utilizam desse efeito atrativo para dar beleza a suas obras.
O impressionismo foi o movimento artístico responsável por romper com tradições e abrir espaço para arte moderna. Para os impressionistas, o importante era pintar o que se via. Para isso pintavam ao ar livre e focavam sua atenção na cor e na luz.
Claude Monet (1840-1926) e outros membros desse movimento dividiam as pinceladas, tornado-as menores. Para os impressionistas, as cores servem para pintar a luz e a impressão causada por ela na realidade.
Para criar harmonia nas telas, esses pintores misturavam cores quentes e frias. No quadro Impressão, nascer do sol – que deu nome ao movimento –, Monet pinta cores quentes sobre o mar, pois este reflete o vermelho do sol poente.
As cores intensas do pós-impressionismo
Os pós-impressionistas faziam experimentos altamente pessoais utilizando os conhecimentos dos impressionistas sobre luz e cor. Paul Gauguin (1848- 1903) usa cores intensas, não-realistas. Vincent Van Gogh (1853- 1890) pinta com vigor e sem contornos e faz um uso psicológico das cores.
Ambos também são considerados precursores do Fauvismo, pois favorecem os próprios sentimentos, ao deformarem a realidade. Os sentimentos dos artistas são expressos, nas telas, pela escolha de cores.
Cores selvagens e o Modernismo
Durante a primeira metade do século XX, surgiram inúmeros movimentos artísticos – cubismo, futurismo, abstracionismo, surrealismo… Cada um levou a pintura para uma nova direção. As inovações deste período revolucionaram o mundo da arte. Desde então, as cores passaram a ser desvinculadas da realidade, podendo ser utilizadas para expressar emoções ou a personalidade do artista.
Um destes movimentos foi o fauvismo. O termo vem de fauve, isto é, fulvo – a cor dourada ou castanho avermelhada da pelagem dos animais selvagens. Ele foi usado pejorativamente por um crítico de arte, referindo-se aos integrantes do grupo como feras selvagens por seu uso de cores agressivas, nada realistas. Apesar de durar pouco tempo – três anos – a escola foi muito influente. Um de seus líderes, Henri Matisse (1869-1954) foi muito influenciado pelos pós-impressionistas. Ele continuou produzindo até o fim de sua vida, muito depois do fauvismo acabar.
Modernismo tardio e as cores complementares
Em 1960, surgiu mais um movimento – a Op Art. O nome significa arte ótica, pois seus membros utilizavam cores complementares ou contrastantes, perspectiva e luz para criar ilusões óticas. Por causa das cores escolhidas, as pinturas de Victor Vasarely (1908-1997) parecem vibrar, criando ilusões de movimento.
Saiba mais:
Consultoria: Sérgio Magalhães. Museu da Vida – Fiocruz.
Data Publicação: 02/12/2021