Por: Maria Ramos

Príncipes, princesas, bruxas, monstros? O que iriam encontrar na primeira visita ao Castelo Mourisco? Era o que muitas crianças se perguntavam enquanto esperavam em grandes filas, ansiosas por conhecer a sede da Fundação Oswaldo Cruz. Um palácio que, havia muito tempo, instigava o imaginário das pessoas que passavam pela movimentada e poluída Avenida Brasil.

Essa era primeira vez, em 80 anos, que a população tinha uma oportunidade de conhecer o prédio idealizado pelo sanitarista Oswaldo Cruz para servir de sede à pesquisa biomédica no país. A visita atraiu estudantes, professores, cientistas, museólogos, arquitetos, jornalistas, turistas, gente de todas as idades. No total, quinze mil pessoas vieram conhecer o Castelo ou Pavilhão Mourisco.

Uma viagem no tempo

No dia 25 de maio de 1984, as portas do Castelo ainda nem estavam abertas e já havia um monte de pessoas espalhadas pelos jardins do campus da Fiocruz. Era gente que tinha vindo a pé, de ônibus, carro, trem. De comunidade vizinhas, bairros distantes, de outras cidades e até de outros estados. Muitos queriam realizar a fantasia de entrar num castelo de verdade.

“Quero ver uma bruxa de vassoura, uma princesa e uma fada bem bonita”, dizia Marcelo, na época com quatro anos, a uma jornalista. Já Vinícius, de seis anos, perguntava meio preocupado, mas bastante curioso: “Nesse castelo tem monstro também?”.

Uma hora depois do início da visitação, mais de mil pessoas já haviam subido a majestosa escadaria de mármore do Castelo. Ao meio-dia, chegaram simplesmente 11 ônibus repletos de estudantes!

Os adultos ficaram impressionados com a beleza arquitetônica do prédio: a delicadeza das luminárias, a variedade dos relevos, a suntuosidade das escadarias, o elevador. As crianças aproveitaram ainda a oportunidade para conhecer os insetos da Coleção Entomológica. E muitos tiveram a primeira oportunidade de olhar através das lentes de um microscópio.

Mas, cercada pela magia dos contos de fadas, a torre do Castelo foi mesmo a mais disputada. Sem desanimar, os visitantes enfrentavam grandes filas debaixo de sol escaldante para olhar a paisagem e, claro, acenar para os amigos lá de cima, das pequenas janelas da cúpula revestida de cobre.

Atualmente, conhecer o Castelo é muito fácil. A equipe do Museu da Vida recebe, de terça a sabado, os visitantes que querem conhecer esse lindo edifício e saber mais sobre a história da instituição.

Fonte:

Quinze mil na visita às “Mil e uma noites”. Informativo Fiocruz, Ano VI, n. 68, maio/junho de 1984.

 

Data Publicação: 03/12/2021