Por: Ricardo Valverde

Uma nova doença, cuja sigla tem quatro letrinhas, vem causando apreensão em todo o mundo. É a síndrome respiratória aguda grave (SRAG), que se originou no interior da China, se espalhou pelas cidades, assumiu proporções assustadoras em Pequim, a capital, e alcançou outros países. Para entender como a SRAG – que alguns equivocadamente chamam de “pneumonia asiática”, o que só serve para gerar preconceito, já que ela não ataca exclusivamente pessoas daquele continente – se dissemina tão rapidamente, é preciso lembrar a facilidade com que as pessoas viajam hoje em dia e ainda o enorme fluxo de trocas entre as nações. Isso explica porque a SRAG já infectou pessoas em todos os continentes.

Para agravar a situação, o vírus é resistente, tanto que na urina e nas fezes de bebês ele costuma viver por três horas, duração que chega a seis horas no caso de adultos. Caso a pessoa tenha diarreia, a sobrevivência alcança quatro dias. Os números da SRAG são preocupantes: a letalidade em pessoas com menos de 60 anos é de 6,8%, bastante inferior à das pneumonias comuns (que é de 1%); e chega a impressionantes 55% em indivíduos de mais de 60 anos. Não é à toa que em março a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou um alerta global sobre a doença, numa tentativa de fazer com que governos estejam a postos caso a doença chegue a seus territórios.

A virologista Marilda Siqueira, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), diz que o coronavírus (causador da SRAG) tem esse nome porque em sua constituição apresenta proteínas ao seu redor, numa espécie de coroa (em latim, corona). Marilda afirma que o coronavírus, que tem uma grande capacidade de se modificar, sobrevive no ar seco por até três horas, mas pode ser destruído pela exposição a raios de luz ultravioleta. Porém, o vírus da SRAG é diferente dos demais coronavírus, tanto que os cientistas propõem que ele seja identificado como o quarto grupo da família corona – os outros três atacam porcos, cachorros e gatos; ratos, perus e gado; e aves.

Mas como a SRAG se manifesta no corpo humano? De acordo com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e a OMS, o início da doença se dá com febre alta (acima de 38º graus), que pode estar acompanhada de calafrios, e sintomas como mal-estar, confusão, perda de apetite, dores de cabeça e nos músculos. Depois dessa primeira fase, que pode durar entre três e sete dias, há o comprometimento das vias respiratórias inferiores, com tosse seca. Depois de ser contaminada, a pessoa pode ficar até dez dias sem apresentar sintomas de SRAG. Segundo os pesquisadores que estão estudando a nova doença, o principal modo de transmissão é mesmo o contato íntimo com o paciente. Outras vias de transmissão incluem o contato com superfícies contaminadas (através de tosse ou espirro do paciente) e em seguida tocar olhos, nariz ou boca. Existe o risco, ainda não confirmado, de que a SRAG possa ser transmitida pelo ar.

Apesar da gravidade do problema, a pneumonia grave ainda está, felizmente, distante do Brasil. Os casos suspeitos que surgiram aqui não foram confirmados. E para quem não viajou para algum dos países com casos da doença e nem teve contato com pessoas que vieram de um desses lugares, não há risco. Que assim continue e a cura seja logo descoberta.

Data Publicação: 02/12/2021