Por: Juliana Rocha
Está vendo todas as letras aí em cima direitinho? Caso não esteja, não precisa se assustar: um acessório que há muito faz parte do nosso cotidiano pode ajudá-lo nesta tarefa.
A história dos óculos remonta à era pré-cristã. Os primeiros registros de seu uso estão em textos do filósofo chinês Confúcio datados de 500 a. C. Então, os óculos não tinham graus e eram usados como enfeite ou como forma de distinção social.
Embora as propriedades ampliadoras de um pedaço de vidro curvo fossem conhecidas desde pelo menos 2.000 a. C., a fabricação de lentes só se torna possível na Idade Média, com o aperfeiçoamento feito pelo matemático árabe Al-Hazen das leis fundamentais da óptica – parte da física que estuda os fenômenos relativos à luz e à visão.
Nessa época, dentro dos mosteiros, berilo, quartzo e outras pedras preciosas são lapidadas e polidas a fim de produzir a chamada pedra-de-leitura, um tipo de lupa muito simples. Em 1267, o monge franciscano Roger Bacon leva uma dessas pedras-de-leitura ao papa Clemente IV e consegue demonstrar sua utilidade para aqueles que têm alguma dificuldade de visão.
O primeiro par de lentes com graus unido por aros de ferro e rebites surge na Alemanha em 1270. Esses óculos primitivos não têm hastes e são ajustados apenas sobre o nariz. Pouco depois, modelos semelhantes ao alemão aparecem em várias cidades italianas.
Florença, Pádua e Veneza são importantes entrepostos comerciais durante a Renascença, o que leva a Itália a se destacar rapidamente na fabricação de óculos. São considerados pioneiros o frade dominicano Alessandro della Spina e o médico Savino degli Armati.
Fabricados por artesãos habilidosos, os óculos eram artigos raros e caros, que simbolizavam erudição, cultura, nobreza e status. Era costume, inclusive, constarem dos inventários das famílias e serem deixados como herança. Aos poucos, com a fabricação em maior escala em indústrias nascidas na Alemanha e na Itália, especialmente, o acessório se popularizou.
Inicialmente, os óculos eram usados apenas para leitura, melhorando a capacidade visual das pessoas com presbiopia e hipermetropia. Em 1441, surgem as primeiras lentes apropriadas às necessidades dos míopes. A solução para pessoas com astigmatismo só aparece um pouco mais tarde, em 1827.
Até o século XVI, os modelos disponíveis não tinham hastes fixas sobre as orelhas. Os óculos pince-nez eram ajustados somente sobre o nariz e os lorgnons traziam uma haste lateral onde o usuário o segurava para colocá-lo à frente dos olhos.
As hastes como as conhecemos hoje só aparecem no século XVII. Mesmo assim, pince-nez e lorgnons continuam a ser usados até o início do século XX, quando passam a ser preferidos pelos modelos numont, ou seja, com hastes leves, finas, perpendiculares às lentes e apoiadas sobre as orelhas.
O uso de plásticos e seus derivados na fabricação de armações a partir da década de 1940 abriram novas possibilidades de design aos óculos. Os precursores dos modelos que fazem sucesso hoje apareceram por volta de 1970: com aros grandes e coloridos transformaram-se nos modelos encontrados atualmente em rostos e lojas especializadas espalhados por aí.
Veja arte com modelos de diferentes séculos!
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Agradecimentos: Aderbal Alves, oftalmologista.
Imagens retiradas em:
Data Publicação: 03/12/2021