Por: Maria Ramos
É comum os pais criticarem seus filhos obesos, reclamando que eles comem demais, que não querem comer verduras nem legumes e só gostam de comer besteiras. Mas é muito importante observar se os maus hábitos alimentares do filho não refletem a alimentação da família.

Ilustração: Barbara Mello
“É uma maldade a criança ficar tomando suquinho de laranja e o papai, a mamãe e o irmãozinho ficarem tomando coca-cola na refeição, que é o que acontece muito”, afirma a nutricionista Maria Thereza. “A mudança na alimentação precisa envolver toda a família”, diz.
A compulsão por comida também pode ser estimulada por pais que não percebem o perigo de pequenas atitudes, aparentemente inocentes. “Às vezes, a gente atende crianças que estão sendo desmamadas que carregam sacos de biscoitos que são do tamanho delas. Essas crianças vão sendo treinadas a estarem comendo o tempo todo”, alerta a nutricionista.
Enquanto as crianças são pequenas, também, os pais tendem a achar que gordura é sinal de saúde. Mas é justamente dos dois até os dez anos de idade que as células adiposas (que acumulam gordura) estão em multiplicação. Se a criança estiver obesa nessa fase, isso vai fazer com que ela tenha mais depósitos de gordura para serem preenchidos na fase adulta. É a tal tendência para engordar.
Além da família, as escolas têm um papel muito importante na alimentação das crianças. Porém, são poucas as que oferecem lanches saudáveis. A merenda escolar oferecida pelas cantinas das escolas geralmente é composta de alimentos gordurosos e muito calóricos, como refrigerantes, balas, bombons, doces, joelho, pizza, cachorro-quente, hambúrguer. Dificilmente, oferecem sucos e sanduíches integrais.
O problema se torna ainda maior porque as crianças acabam ficando com vergonha de levar determinados alimentos para a escola. Quando senta junto dos seus pequenos pacientes para decidir o cardápio, é comum a nutricionista ouvir: “Ih, tia, fruta nem pensar. Maçã, banana, laranja na escola, nem pensar, maior mico”.
Se você é professor ou aluno, leve o problema da alimentação oferecida nas cantinas para a sua escola. Discuta com os seus colegas, leve a questão até o diretor. O primeiro passo para a mudança é a conscientização!
Data Publicação: 17/01/2022