Cinco lugares que já são afetados pela crise climática no Brasil

Fig 1. Casa no município de Arroio do Meio (RS) destruída por enchente. Enchentes no Rio Grande do Sul foram a principal causa de deslocamentos internos relacionados ao clima em 2024 no Brasil. Crédito: Joédson Alves/Agência Brasil

Lista de lugares afetados pela crise climática traz exemplos de deslocamentos causados por processos geológicos resultantes das mudanças

Você já ouviu falar em migrantes climáticos? São pessoas que são forçadas a deixar suas casas por conta dos efeitos das mudanças climáticas. Estimativas do Banco Mundial indicam que cerca de 216 milhões de pessoas vão precisar se deslocar dentro de seus próprios países devido às mudanças climáticas até 2050. Mas esse processo já está em curso atualmente, inclusive no Brasil.

Dados do relatório anual elaborado pelo Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno, indicam que, em 2024, mais de 1,1 milhão de pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas no nosso país devido a eventos climáticos extremos. Considerando a região das Américas, só ficamos atrás dos Estados Unidos, que tiveram mais de 11 milhões de migrantes climáticos internos.

Vamos conhecer alguns lugares afetados pela crise climática onde esses deslocamentos aconteceram aqui no Brasil. Confira abaixo cinco exemplos.

Rio Grande do Sul

Fig 2. Vista aérea da cidade de Canoas (RS) em maio de 2024 após inundação. Crédito: Ricardo Stuckert / PR/Lula Oficial/Wikimedia Commons

As inundações no Rio Grande do Sul provocadas pelas fortes chuvas que ocorreram em 2024 foram as grandes responsáveis pelos deslocamentos por eventos climáticos registrados no Brasil naquele ano. Segundo dados do Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno, o estado registrou 775 mil deslocamentos internos no período. Na cidade de São Leopoldo, por exemplo, 180 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas por conta das chuvas intensas. A mesma quantidade de pessoas também precisou abandonar seus lares em Canoas. Já em Guaíba foram 53 mil deslocamentos internos e 10 mil em Porto Alegre.

Amazonas

Fig 3. Seca no Amazonas em 2023. A região sofreu também com secas graves em 2024. Crédito: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Em 2023 e 2024, os estados do Norte do país sofreram com a seca. Ainda, segundo dados do Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno, em 2024, a estiagem foi responsável pelo deslocamento de 35 mil pessoas no estado do Amazonas. Entre os afetados na região, estão, por exemplo, os ribeirinhos do Alto Solimões, particularmente das cidades de Tabatinga, Benjamin Constant e outras.

Pará

Fig 4. Brigadista combatendo incêndio florestal em 2024 no Brasil. Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Ainda na Região Norte, outro estado que sofreu com eventos climáticos extremos em 2024 foi o Pará. Segundo o Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno, os incêndios florestais, que foram intensificados por uma forte seca, forçaram 9.400 pessoas a abandonarem suas casas por lá. A cidade de São Félix do Xingu, por exemplo, foi uma das que mais sofreu com queimadas em 2024.

Nossos próximos exemplos de lugares afetados pela crise climática não estão diretamente associados a eventos extremos. No entanto, são resultado da combinação de processos naturais, ações do ser humano e mudanças no clima.

Buriticupu (MA)

Fig 5. Voçoroca na cidade de Buriticupu (MA). Crédito: Prefeitura Municipal de Buriticupu (reprodução Instagram 2023)

A cidade de Buriticupu, no Maranhão, tem convivido com crateras enormes, conhecidas como voçorocas. Elas já provocaram o deslocamento de várias pessoas no município. O fenômeno é causado por anos de exploração ambiental, que causaram degradação no solo. A situação é agravada pelas mudanças climáticas.

Atafona (São João da Barra, RJ)

Fig 6. Ruínas em Atafona, distrito de São João da Barra (RJ), em 2015. Crédito: Andrevruas/Wikimedia Commons

Atafona é um distrito do município de São João da Barra, localizado no Estado do Rio de Janeiro, e um dos lugares afetados pela crise climática no Brasil. O local foi apontado em um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) como um dos mais ameaçados do mundo pela elevação dos oceanos. Por lá, o aumento do nível do mar tem destruído casas, ruas e a infraestrutura local. Ou seja, muitas famílias também tiveram que abandonar seus lares. Por trás do problema, está a erosão, ou seja, o desgaste natural do solo, intensificada por alterações no fluxo do rio Paraíba do Sul promovidas pelo ser humano e as mudanças climáticas.

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