Fig 1. Representação gráfica da camada de ozônio sobre o polo antártico em agosto de 2025. As cores roxa e azul indicam ondem há menor concentração de ozônio, enquanto as áreas amarelas e vermelhas indicam maior concentração de ozônio. Crédito: NASA

Entenda como está a camada de ozônio atualmente e quais esforços estão sendo realizados na tentativa de recuperá-la

Em 1985, cientistas anunciaram a descoberta de um buraco na camada de ozônio sobre a Antártica, resultado da ação de poluentes lançados na atmosfera. Essa revelação acendeu um alerta global! Hoje em dia, o tema tornou-se menos frequente nos noticiários. Mas, afinal, o que aconteceu com o buraco da camada de ozônio?

 

O que é a camada de ozônio ?

A camada de ozônio é uma região da estratosfera, isto é, uma camada da atmosfera terrestre que fica entre 10 e 50 quilômetros de altitude. A camada de ozônio é composta por altas concentrações de gás ozônio (O₃). Sua função é absorver a maior parte da radiação ultravioleta (UV) do Sol, que pode causar sérios danos à vida na Terra.

 

Fig 2: Ilustração da molécula de ozônio. Crédito: Love Employee/Getty Images

Por que essa camada é tão importante?

A importância da camada de ozônio vai muito além da proteção contra queimaduras solares. Ela ajuda a prevenir câncer de pele, catarata e problemas no sistema imunitário em humanos. Também protege plantas e organismos marinhos essenciais à cadeia alimentar.

Sem essa barreira, a exposição à radiação UV aumentaria a taxas perigosas, com impactos profundos na saúde e na produção de alimentos. É por isso que proteger essa camada é proteger a vida no planeta.

 

Mas o que causou a destruição da camada de ozônio?

O afinamento da camada de ozônio foi causado, principalmente, pelo uso de substâncias químicas conhecidas como CFCs (clorofluorocarbonos) e outras SDOs (substâncias destruidoras da camada de ozônio). Esses compostos foram usados por muito tempo em aerossóis, sistemas de refrigeração, espumas isolantes e solventes industriais.

Quando os SDOs chegam à estratosfera, sofrem decomposição pela luz solar. Essas reações são potencializadas durante a primavera no Ártico, que ocorre entre agosto e outubro. As condições climáticas dessa estação favorecem a decomposição dos SDOs e a liberação de bromo e cloro. Essas substâncias quebram as moléculas de ozônio, reduzindo a concentração da camada. O resultado é o aparecimento do buraco nessa época do ano, principalmente em setembro e outubro.

 

Fig 3. Atualmente, a maioria dos fabricantes substituiu os CFCs da composição dos aerossóis por compostos que não agridem a camada de ozônio, tal como o gás liquefeito de petróleo (GLP). Crédito: EvilWata/Gettty Images

 

E como está a situação da camada de ozônio atualmente?

Graças ao Protocolo de Montreal, assinado em 1987 e considerado um marco da diplomacia ambiental, a produção e o uso dos CFCs e de outros SDOs foram gradualmente eliminados.

O resultado é animador! Segundo o Boletim Anual da Organização Meteorológica Mundial (OMM) de 2024, relatórios científicos mostram que a camada de ozônio está em processo de recuperação. Se os compromissos continuarem sendo cumpridos, as projeções indicam que ela voltará aos níveis de 1980 por volta de 2040 em grande parte do mundo, 2045 no Ártico e 2066 na Antártica. Embora ainda ocorram oscilações anuais, o cenário atual é muito mais positivo do que há 30 anos.

A recuperação da camada de ozônio exige um trabalho contínuo. É preciso reduzir o uso de substâncias nocivas, descartar corretamente equipamentos antigos e apoiar políticas ambientais que mantenham o compromisso firmado há décadas.

Proteger a camada de ozônio é garantir um futuro mais saudável e seguro para todas as formas de vida na Terra.

 

Fig 4. Os quatro globos mostram a média mensal da concentração total de ozônio sobre a Antártida em outubro. Podemos observar que houve queda na concentração de ozônio até o ano 2000. Após esse período, vemos um padrão de crescimento. Os gráficos foram criados a partir de dados de monitoramento da NASA. Crédito: NASA

 

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Fontes consultadas:

UNEP – United Nations Environment Programme. Scientific Assessment of Ozone Depletion: 2022. Geneva: World Meteorological Organization / United Nations Environment Programme, 2022. Disponível em: https://ozone.unep.org/sites/default/files/2023-02/Scientific-Assessment-of-Ozone-Depletion-2022.pdf

UNEP – United Nations Environment Programme. Ozone layer recovery is on track, helping avoid global warming by 0.5°C. 2023. Disponível em: https://www.unep.org/news-and-stories/press-release/ozone-layer-recovery-track-helping-avoid-global-warming-05degc. Publicação em: 9 jan 2023.

NASA Ozone Watch. Images, data, and information for atmospheric ozone. Disponível em: https://ozonewatch.gsfc.nasa.gov

NOAA – National Oceanic and Atmospheric Administration. Guiding Recovery of Stratospheric Ozone . Disponível em: https://gml.noaa.gov/about/theme3.html

UNEP – United Nations Environment Programme. The Montreal Protocol on Substances that Deplete the Ozone Layer. Disponível em: https://ozone.unep.org/treaties/montreal-protocol

UNEP – United Nations Environment Programme About Montreal Protocol. Disponível em: https://www.unep.org/ozonaction/index.php/who-we-are/about-montreal-protocol

ONU News. Novas amostras admitem que mundo recuperará camada de ozônio até 2040. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2024/09/1837566. Publicação em: 16 set 2024.

UNE – United Nations Environment Programme. Why the ‘larger than usual ozone hole’ is NOT unusual. Disponível em: https://ozone.unep.org/why-larger-usual-ozone-hole-not-unusual#:~:text=Each%20year%2C%20severe%20depletion%20of,%2DSeptember%20and%20mid%2DOctober. Publicação em: 24 set 2021

*Todos os sites foram acessados em 7 de agosto de 2025

 

Por Rodrigo Narciso

Data Publicação: 20/08/2025