Fig.1: Registro de Plutão feita pela sonda New Horizons, 2015. Crédito: NASA/JPL.

 

Veja o que levou Plutão a se tornar um planeta anão; conheça outros planetas anões do Sistema Solar

Este texto é uma adaptação da coleção Os Mensageiros das Estrelas, do Museu da Vida Fiocruz. Você pode conferir este e outros conteúdos da coleção no site!

 

Vocês estão prontos para mais uma viagem interplanetária? Hoje, vamos investigar o planeta anão Plutão e conhecer outros que fazem parte do Sistema Solar!

Descoberto em 1930, Plutão era considerado o nono planeta do Sistema Solar. Esse objeto celeste orbita em uma região chamada Cinturão de Kuiper, onde estão localizados milhares de rochas e pequenos objetos gelados que se formaram no início do nosso Sistema, cerca de 4,5 bilhões de anos atrás.

A partir dos dados da sonda New Horizons (conheça aqui diversas missões espaciais!), os cientistas concluíram em 2015 que esse corpo celeste tem cerca de 2.370 km de diâmetro, um pouco maior do que as estimativas anteriores (de todo modo, continua bem pequeno quando comparado à Lua, que possui um diâmetro de 3.474 km).

O período orbital, ou seja, a duração de um ano plutaniano equivale a 248 anos terrestres – sendo assim, pode-se dizer que Plutão até hoje não completou uma volta ao redor do Sol desde o ano da sua descoberta. A rotação do corpo celeste (o movimento que faz em torno de seu próprio eixo), ou seja, um dia plutaniano dura cerca de 153 horas, que equivale a 6,4 dias terrestres.

Contudo, quando se trata de Plutão, uma questão que até hoje segue dominando o imaginário popular é…

 

Planeta anão?! Mas, afinal, Plutão é ou não um planeta?

Plutão virou assunto mundial ao ser classificado como planeta anão no ano de 2006.  A nova categoria anunciada pela União Astronômica Internacional (International Astronomical Union  – IAU) aconteceu após a detecção de outros objetos que não se comportavam como os planetas maiores do Sistema Solar, mas que, por outro lado, tinham similaridades com Plutão. Dessa forma, durante a assembleia da IAU, especialistas decidiram criar uma categoria que representasse melhor as características desse grupo, inclusive Plutão.

A partir daí, ficou estabelecido que um corpo celeste tem que cumprir três requisitos básicos para ser classificado como planeta:

  1. Orbitar uma estrela
  2. Ter formato esférico
  3. Ser o principal objeto de sua própria órbita 

Explicando um pouco melhor o terceiro requisito, o fato de ser o principal objeto em sua órbita significa simplesmente ser o único no seu caminho ao girar ao redor da estrela. Os demais corpos devem orbitar o objeto em questão e não a estrela. É o que acontece com os planetas que conhecemos do Sistema Solar e suas luas.

No caso de Plutão, ele não se comporta como o objeto dominante em sua órbita. Isso por causa de Caronte, sua maior lua. Caronte é quase tão grande quanto Plutão, de modo que estes dois objetos orbitam ao redor de um centro comum, formando um tipo de “sistema binário de planetas”. O vídeo abaixo simula os movimentos entre Plutão e Caronte, bem como de outras luas do planeta anão.

 

 

Plutão tem uma órbita elíptica mais alongada que os planetas. Deste modo, possui uma variação maior entre seu ponto mais próximo do Sol (periélio) e seu ponto mais afastado (afélio). Ele está a uma distância de 49 UA* em relação ao Sol em seu afélio.

Além de Plutão, atualmente, existem outros quatro classificados como planetas anões no Sistema Solar. A seguir, conheça as particularidades de cada um deles.

*A Unidade Astronômica (UA) é usada para distâncias dentro do Sistema Solar e corresponde à distância média entre a Terra e o Sol, que equivale aproximadamente a 149.600.000 km.

 

Ceres, o mais próximo

 

Fig. 2: Ceres. Crédito: NASA Solar System Exploration.

 

Ceres é o primeiro membro e o maior objeto no Cinturão Principal de Asteroides, localizado entre Marte e Júpiter (e, portanto, o mais próximo do Sol de sua categoria). Descoberto em 1801, Ceres era considerado um asteroide até 2006, quando foi reclassificado como um planeta anão. Ele possui um diâmetro de 952 km e um raio de 476 km (o que corresponde a 1/13 do diâmetro terrestre). Sua massa representa 25% da massa total do cinturão onde se encontra. Ele leva 1.682 dias terrestres ou 4,6 anos terrestres para fazer uma viagem ao redor do Sol e completa uma rotação em torno de seu eixo a cada 9 horas. Está a uma distância de 2,9 UA em relação ao Sol em seu afélio. 

 

Haumea, o anelado

 

Fig. 3: Anéis em Haumea. Crédito: Instituto de Astrofísica de Andalucía, IAA-CSIC.

 

Haumea é o primeiro objeto do Cinturão de Kuiper a ter anéis identificados. Esse planeta anão tem formato oval e possui aproximadamente o mesmo tamanho de Plutão. Seu nome é uma homenagem à deusa havaiana da fertilidade. Haumea completa uma rotação a cada quatro horas, o que o torna um dos objetos grandes com rotação mais rápida do Sistema Solar. A uma distância média de 6.452.000.000 km, Haumea leva 285 anos terrestres para fazer uma viagem ao redor do Sol. Ele está a uma distância de 51,5 UA em relação ao Sol em seu afélio.

 

MakeMake, um dos mais brilhantes

 

Fig.4: Concepção artística de MakeMake. Crédito: NASA/JPL.

 

MakeMake foi descoberto em 31 de março de 2005. É o segundo objeto mais brilhante no Cinturão de Kuiper visto da Terra (o primeiro é Plutão). Esse planeta anão completa a rotação em torno de seu eixo a cada 22 horas e meia, tornando sua duração do dia semelhante à da Terra e de Marte, e demora cerca de 305 anos terrestres para fazer uma viagem ao redor do Sol. Possui um raio de 715 km e uma distância média de 6.847.000.000 km. Apesar das limitações nos estudos observacionais, cientistas conseguiram detectar metano e etano congelados em sua superfície. Ele está a uma distância de 53 UA em relação ao Sol em seu afélio.

 

Eris, o mais distante

 

Fig.5: Eris. Crédito: NASA/ESA.

 

Eris fica no Cinturão de Kuiper e tem quase o mesmo diâmetro de Plutão (2.326 km). Descoberto em 2003, o planeta anão leva 557 anos terrestres para completar a órbita ao redor do Sol e completa uma rotação em seu eixo a cada 25,9 horas, um pouco mais que um dia inteiro para a Terra. É muito provável que Eris tenha uma superfície rochosa semelhante a Plutão. Os cientistas acreditam que as temperaturas da sua superfície variam entre -217 e -243ºC. Possui uma lua muito pequena, chamada Disnomia. Ele está a uma distância de 97,5 UA em relação ao Sol em seu afélio.

Foi a partir das observações de MakeMake e Eris que especialistas da IAU resolveram reconsiderar a definição de um planeta e criar o  grupo de planetas anões.

 

Para saber mais sobre os planetas anões, acesse o ‘Volume 9: Sistema Solar’ da coleção ‘Os Mensageiros das Estrelas’. Conheça também outros conteúdos astronômicos no site do Museu da Vida Fiocruz.

 

Referências bibliográficas:

APOD/NASA. In Haumea Rings. Créditos: Instituto de Astrofísica de Andalucía. Disponível em: https://apod.nasa.gov/apod/ap171017.html. Acesso em 6 jun 2021.

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NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Southwest. In True Colors of Pluto. Disponível em: https://Solarsystem.nasa.gov/resources/933/true-colors-ofpluto/?category=planets/dwarf-planets_pluto. Acesso em 6 jun 2021.

NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Southwest Research Institute. In The Frozen Canyons of Pluto’s North Pole. Disponível em: https://photojournal.jpl.nasa.gov/catalog/PIA20473. Acesso em 7 jun 2021.

NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Southwest Research Institute. In Family Portrait of Pluto’s Moons. Disponível em: https://photojournal.jpl.nasa.gov/catalog/PIA20033. Acesso em 6 jun 2021

NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA. In Ceres. Overview. Disponível em: https://Solarsystem.nasa.gov/planets/dwarf-planets/ceres/overview/. Acesso em 6 jun 2021.

WIKIMEDIA COMMONS. In An artist’s impression of (136108) Haumea and moons. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:2003EL61art.jpg. Acesso em 7 jun 2021.

WIKIMEDIA COMMONS. In New Horizons. Crédito: NASA. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:New_Horizons_1.jpg. Acesso em 7 jun 2021.

 

Por Jackson de Farias, sob supervisão de Paulo Henrique Colonese. Adaptado por Renata Bohrer para o Invivo.

Data Publicação: 31/05/2023