Fig.1: Chuva de meteoros Gemínidas na China. Crédito: Dai Jianfeng/IAU. In Wikimedia commons.

 

Este texto é uma adaptação da coleção Os Mensageiros das Estrelas, do Museu da Vida Fiocruz. Você pode conferir este e outros conteúdos da coleção no site!

 

Saiba mais sobre a origem das Gemínidas, fenômeno anual que, em 2023, atingirá seu pico de atividade entre os dias 13 e 14 de dezembro

Uma das chuvas de meteoros mais espetaculares do ano acontece em dezembro de 2023: as Gemínidas. Embora já tenha se iniciado em 4 de dezembro e siga em atividade até o dia 17, o fenômeno astronômico atingirá o seu ápice entre os dias 13 e 14.  Estima-se que, nos períodos de pico, a taxa de meteoros Gemínidas é de aproximadamente 150 por hora!

Vale lembrar que as chuvas de meteoros são anuais e ocorrem quando a Terra passa por uma região da sua órbita que contém detritos deixados por objetos celestes.

 

Saiba mais:

Chuva de meteoros: o que são e como se formam

 

A origem de Gemínidas

Diferente da maioria das chuvas de meteoros que conhecemos, as Gemínidas não estão associadas a um cometa, mas a um asteroide: o NEO 3200 Faetonte. Sendo assim, os meteoros Gemínidas ocorrem quando a Terra passa pela esteira de detritos dele. Descoberto em 1983, esse asteroide completa uma volta ao redor do Sol a cada 524 dias (1,43 anos), chegando bem próximo da estrela no seu periélio (o ponto de órbita do objeto celeste mais próximo do Sol): 20.943.696,01 km ou 0,14 Unidades Astronômicas.

Para nós, humanos, esse valor parece gigantesco, quase infinito. Contudo, considerando o tamanho do Sistema Solar, esse número não representa muita coisa. Na imagem abaixo, fica evidente que NEO 3200 Faetonte atinge uma curta distância do Sol. Note que o objeto é capaz de chegar mais perto da estrela que Mercúrio (órbita em roxo), considerado o planeta mais próximo do Sol.

 

Fig.2: Simulação da órbita e detritos do asteroide 3200 Faetonte (em branco). O planeta Mercúrio tem sua órbita representada em roxo. Crédito: Meteorshowers.org

 

Já pensou em ver as órbitas e os detritos dos corpos celestes que dão origem a diversas chuvas de meteoros no Sistema Solar? Em uma perspectiva tridimensional, o simulador Website Meteor Showers permite que o usuário viaje no tempo e no espaço para acompanhar a trajetória de objetos próximos da Terra (Near Earth Object – NEO/NASA) que orbita o Sol.

 

O mito de Faetonte, o filho do Sol

O nome do asteroide NEO 3200 Faetonte tem referências mitológicas. Segundo os gregos, Faetonte (Phaeton) era o filho da ninfa Clímede com o deus do Sol, Hélio. Em algumas versões do mito, Faetonte decide provar para o amigo Épafos, bem como aos moradores da aldeia onde morava, que era o filho de Hélio. E, para isso, pediu emprestado ao pai a sua carruagem, que é responsável pelo brilho diurno.

 

Fig. 3 Pintura a óleo do deus Hélio (Sol) em sua carruagem solar, 1685 (pintura de teto, detalhe). Hans Adam Weissenkircher. Coleção Universal Museum Joanneum, Schloss Eggenberg (A Sala Planetária). Fotografia em HellenicaWorld. In Wikimedia Commons.

 

Ao tomar as rédeas da carruagem do Sol, Faetonte logo viu que não seria capaz de controlar tamanho poder. Sem conseguir manter a rota indicada pelo pai, Faetonte por vezes se afastou ou se aproximou muito da Terra. Essas oscilações acabaram gerando consequências drásticas no clima de nosso planeta. Zeus, pai dos deuses, para evitar uma devastação maior, lançou um raio em sua direção, derrubando-o do céu em uma queda mortal.

 

Mas, afinal, como encontrar Gemínidas?

Gemínidas tem seu radiante (ponto no céu de onde os meteoros parecem originar) na constelação que inspira seu nome: Gêmeos. Ele surge no céu a partir das 21 horas, próximo do horizonte nordeste. Quanto mais alto o radiante no céu, maior é a chance de ver os meteoros.

 

Fig.4: Representação mitológica da constelação de Gêmeos no dia 4 de dezembro de 2023. Fonte: Stellarium

 

Em 14 de dezembro, o ponto de origem (radiante) se deslocará um pouco em relação à constelação, surgindo muito próximo da cabeça de um dos gêmeos, representado pela estrela dupla Castor (figura abaixo).

 

Fig. 5: Radiante perto da estrela dupla Castor na constelação de Gêmeos. Fonte Stellarium

 

Caso tenha dificuldades para localizar a constelação de Gêmeos no céu, a dica é fazer uso de aplicativos gratuitos de astronomia, como o Stellarium. Vale ressaltar que, para uma boa visualização do fenômeno a olho nu, é recomendado estar em um local de céu aberto, sem nuvens e com baixa interferência luminosa. Em 2023, a chuva Gemínidas atinge o seu pico no dia seguinte à Lua Nova (período em que a face do satélite natural voltada para a Terra não está iluminada pela luz solar), o que favorece a observação.

 

Bola de fogo é vista no Rio Grande do Sul!

Três meteoros foram registrados em um intervalo curto de tempo na madrugada do dia 9 de dezembro de 2023 pelo Observatório Espacial Heller & Jung, de Taquara, no Rio Grande do Sul. Nas imagens, observa-se um meteoro do tipo Fireball (em português, bola de fogo), nomeado assim pelo seu alto brilho, de magnitude 7. Logo em seguida, é possível ver a queda simultânea de outros dois meteoros.

Assista ao vídeo aqui.

 

Hora do desafio!

Explore de uma forma divertida e instigante a constelação que dá nome à chuva de meteoros Gemínidas! A seguir, navegue por estrelas e descubra tesouros cósmicos no quiz e o pôster interativo de Gêmeos. Basta clicar nas imagens abaixo para viajar com Os Mensageiros das Estrelas!

Fig.6: Quiz Desvendando Gêmeos. Crédito: Caio Baldi

 

Fig.7:  Pôster interativo de Gêmeos. Crédito: Caio Baldi

 

Veja também outros quizzes e pôsteres interativos das coleções astronômicas do Museu da Vida Fiocruz: Os Mensageiros das Estrelas, Viagem ao Universo em 88 Constelações e Culturas Estelares.

Referência bibliográfica:

ABREU, W. Fenômenos Extra(Ordinários). In: COLONESE, P. (Org.) Os Mensageiros das Estrelas: Sistema Solar, volume 3, – Rio de Janeiro: Fiocruz – COC, 2020. p. 68-87. Disponível em: <https://www.museudavida.fiocruz.br/images/Publicacoes_Educacao/PDFs/OMESSolar2020vol3.pdf> Acesso em 7 de dezembro de 2023.

 

Por Willian Vieira de Abreu, sob supervisão de Paulo Henrique Colonese. Adaptado por Renata Bohrer para o Invivo.

Data Publicação: 13/12/2023