Figura 1: Foto do monumento de Stonehenge, localizado no condado de Wiltshire (Inglaterra), mostra o Sol nascendo no equinócio da primavera boreal (norte). Créditos: Stonehenge Guide Tours.

 

Saiba mais sobre o equinócio, evento astronômico que anuncia a chegada do outono no Hemisfério Sul em março

Este texto é uma adaptação da coleção Os Mensageiros das Estrelas, do Museu da Vida Fiocruz. Você pode conferir este e outros conteúdos da coleção no site!

 

O mês de março é marcado por um importante fenômeno astronômico: o equinócio. Essa efeméride ocorre duas vezes ao ano, nos meses de março e setembro, e está diretamente relacionada às mudanças de duas estações. O primeiro equinócio de 2023 acontece em 20 de março, às 18h24 (horário de Brasília), e marca a chegada da estação do outono no Hemisfério Sul ou outono austral (e, simultaneamente, o início da primavera no hemisfério norte ou primavera boreal).  

Esses eventos correspondem a um momento e local específico do movimento de nosso planeta em torno do Sol. Diferentemente do que muita gente fala por aí, o equinócio representa um momento exato de um dia e não ele inteiro, além de pontuar o início do outono e primavera (o inverno e verão são marcados pelo fenômeno chamado solstício).  

Uma estação do ano é um longo período de meses, normalmente associada ao clima particular de cada região. Apesar desse período determinar uma diminuição ou aumento da temperatura média local em todo o hemisfério, isso varia muito em cada região a depender do quão próximo você estiver de um dos polos da Terra. 

 

Mas, afinal, o que é equinócio?

Você já deve ter percebido que a duração do dia claro (iluminado pelo Sol) e da noite varia ao longo do ano. Nos meses de inverno, as noites são mais longas e, nos meses de verão, são mais curtas.  Apesar disso, em março e setembro, a duração do dia claro e da noite estão se aproximando e, em algum momento desses meses, o dia e noite terão a mesma duração! 

A palavra ‘equinócio’ vem do latim Aequus (igual) e Nox (noite), significando “noites iguais”, e foi criada para marcar esse momento em que o dia claro e a noite possuem a mesma duração. O incrível é que isso só ocorre durante dois dias do ano solar (nos equinócios de outono e primavera). 

Após o fenômeno, com o passar do tempo, os dias vão ficando menores e as noites maiores até a chegada do solstício de inverno austral. Em 2023, o solstício de inverno austral acontece no dia 21 de junho.

 

Equinócio, Sol e Terra

Para compreender bem o momento e local exatos do equinócio de outono austral, precisamos acompanhar e observar o movimento e a posição do Sol, vistos aqui do planeta. Conforme a Terra realiza seu caminho na translação, o Sol se move aparentemente em relação às constelações, visto nos céus da Terra. Esse “caminho” percorrido ao longo do ano é chamado de Eclíptica. 

O Sol se move lentamente ao longo das estações e demora um ano inteiro para completar esse ciclo. É necessário registrar a sua posição em relação às estrelas ao longo dos dias e meses para perceber essa mudança. Ele possui outro movimento aparente que gera seu nascer e pôr diários, que determinam o dia claro e a noite. Esse movimento aparente é ocasionado pela rotação de nosso planeta em torno do próprio eixo. 

 

O Equador Celeste

Figura 2: Ilustração da angulação entre a Eclíptica e o Equador Celeste. Créditos: Dennis Nilsson/ Wikimedia Commons.

 

A Terra é dividida em dois hemisférios pela conhecida Linha do Equador. A partir dessa linha (imaginária), que divide o nosso planeta em norte e sul, temos o chamado Equador Celeste, conforme ilustrado na figura anterior. Essa projeção da Linha do Equador, assim como a da Eclíptica, passa por algumas constelações na esfera celeste.

 

Figura 3: Imagem das figuras mitológicas das constelações sob o Equador Celeste, vista do ponto observador do Sistema Solar. Fonte: Planetário Stellarium.

 

Eclíptica Solar e o Equador Celeste

A Linha da Eclíptica pode ser estendida para representar um plano (Plano da Eclíptica), que, por sua vez, forma um ângulo de aproximadamente 23,5º com o Plano Equatorial. Essa angulação é justamente a inclinação do eixo terrestre em relação ao Plano Equatorial. 

Astronomicamente, o equinócio é o instante em que o Sol (linha central) cruza a projeção da Linha Equador na esfera celeste (formando o Plano Equatorial), também conhecido como Equador Celeste. O equinócio marca a passagem do Sol na esfera celeste terrestre pelo cruzamento entre as linhas da Eclíptica e do Equador Celeste. 

 

Figura 4: Ilustração das linhas da Eclíptica (em amarelo) e do Equador Celeste (em vermelho) na esfera celeste. No dia do equinócio, o Sol está posicionado no cruzamento dessas duas linhas. Fonte: Planetário Stellarium

 

Atualmente, o fenômeno ocorre na região da constelação de Peixes. Em sua figura mitológica ocidental, o sol pode ser visto próximo de uma das barbatanas do animal. 

 

Figura 5: Imagem do Sol e da figura mitológica da constelação ocidental de Peixes. Fonte: Stellarium.

 

Figura 6: Imagem do Sol posicionado próximo à barbatana da constelação de Peixes. Fonte: Stellarium

 

A astronomia das construções milenares

 Monumentos espalhados ao redor do mundo deixam claro que muitas civilizações antigas não só tinham o conhecimento, mas também costumavam celebrar a chegada desses fenômenos.  São construções históricas, consideradas verdadeiros marcos astronômicos por revelar com precisão em suas estruturas a trajetória do sol durante os equinócios e solstícios. Descubra aqui três monumentos conhecidos pela iluminação naturalmente especial para esses dias de evento: 

 

Figura 7: Na foto do Templo de Angkor (Camboja), veja o alinhamento preciso do Sol com o pilar principal do monumento em dias de equinócio. Créditos: សុខ គឹម ហេង/Wikipédia.

 

Figura 8: Foto da pirâmide de Kukulcán, situada na cidade arqueológica Chichen Itzá (México), revela a “serpente solar” formada nas escadas do templo no equinócio de março. Créditos: ATSZ56/Wikipédia.

 

Figura 9: Foto do Templo das Sete Bonecas, de Dzibilchaltún (México). O sol aparece posicionado na janela central durante o equinócio de março. Créditos: Mayan Península.

 

Descubra outros conteúdos da coleção Os Mensageiros das Estrelas:

Abaixo, veja o pôster artístico de Peixes, que é uma releitura da constelação clássica e foi inspirada na espécie Tucunaré, presente nos rios da América do Sul – em especial, do Brasil. 

 

Figura 10: Pôster de Peixes. Créditos: Caio Baldi.

 

Baixe gratuitamente o pôster da constelação na versão em cores e na versão para colorir

Divirta-se também com o interativo e quizz de Peixes.  

Para saber mais sobre esse e outros fenômenos naturais, confira a seção Fenômenos Extra(ordinários), da coleção ‘Os Mensageiros das Estrelas’. Conheça outros conteúdos astronômicos no site do Museu da Vida Fiocruz

 

Por  Willian Vieira de Abreu, sob supervisão de Paulo Henrique Colonese. Adaptado por Renata Bohrer para o Invivo.

Data Publicação: 20/03/2023