Fig. 1 Terra vista do espaço. Crédito: ISS Expedition 7 Crew, EOL, NASA

 

Conheça importantes programas e missões espaciais que contribuíram para os avanços nos estudos cosmológicos

Este texto é uma adaptação da coleção Os Mensageiros das Estrelas, do Museu da Vida Fiocruz. Você pode conferir este e outros conteúdos da coleção no site!

 

Já parou para pensar até onde vai a curiosidade humana sobre o universo? Hoje em dia conseguimos observar muito do mundo (e até de fora dele!) pela tela do nosso celular, mas nem sempre foi assim. Muitos dos benefícios tecnológicos que usufruímos agora são resultados de muitas pesquisas exploratórias para o espaço. Quer saber mais? Então aperte os cintos e venha viajar conosco pela história e ciência de importantes missões espaciais pelo Sistema Solar.

 

Aprenda a se orientar pelos astros!

 

Primórdios da exploração espacial

 

Fig 2: Selo lançado no Dia do Cosmonauta (12 de abril) com a imagem da sonda Venera 4, 1968. Fonte: Wikimedia Commons.

 

É impossível falar de missões espaciais sem mencionar a antiga União Soviética. Pioneiros na tecnologia aeroespacial, os soviéticos enviaram o primeiro satélite artificial para a órbita da Terra, o primeiro ser vivo e também o primeiro voo espacial tripulado pelo homem.

No dia 3 de novembro de 1957, cerca de um mês depois do lançamento do satélite inaugural para o espaço, um outro foi colocado em órbita. Era o Sputnik 2. Desta vez, havia um passageiro inusitado a bordo: Laika, uma cadelinha vira-lata.

Um dos mais importantes feitos da humanidade em sua conquista espacial veio alguns anos depois, em 12 de abril de 1961, quando um jovem militar de apenas 27 anos entrou para a história como o primeiro homem a observar a Terra do espaço. A bordo da cápsula Vostok, o soviético Yuri Gagarin permaneceu em órbita durante 1 hora e 48 minutos, tempo esse que levou para concluir uma volta completa ao redor do planeta. É dele a frase célebre: “A Terra é azul”. A primeira viagem espacial tripulada por um humano é motivo de orgulho e muito celebrado pelos russos até hoje.

 

Fig. 3: Registro feito pelo astronauta Buzz Aldrin em solo lunar durante a missão Apollo 11. Crédito: NASA, in NASA Science Earth’s Moon.

 

Do outro lado do planeta, três semanas após o histórico voo de Yuri Gagarin, o norte-americano Alan Shepard decolou para o espaço. Apesar da missão bem sucedida, os Estados Unidos tinham ambições maiores e, ainda no início da década de 1960, anunciaram o Programa Apollo, com o objetivo de levar o homem à Lua. O feito foi alcançado em 20 de julho de 1969, quando a nave Apollo 11 pousou em solo lunar com três astronautas: Neil Armstrong, Michael Collins e Buzz Aldrin. A Apollo 11 foi a primeira de uma série de missões que levaram 18 homens à Lua. 12 aterrissaram no satélite natural da Terra, enquanto seis deles estiveram em órbita, no comando da nave de retorno.

Vista por muitos como um grande salto para a humanidade, a conquista do satélite natural está longe de ser o destino final dessa ciência em franca expansão. Tanto é que inúmeras expedições espaciais ocorreram de lá para cá.

 

Missões espaciais em Mercúrio: Programa Mariner (sonda 10) e sonda Messenger

Lançada em 3 de novembro de 1973, Mariner 10 tinha como objetivo estudar a atmosfera, a superfície e as características físicas de Mercúrio. A partir dela, foi possível mapear cerca de 45% da superfície do planeta entre os anos de 1974 e 1975. Foi a primeira sonda a utilizar a força gravitacional de um planeta (no caso, Vênus) para alcançar outro. Também foi a primeira a explorar dois planetas (Mercúrio e Vênus), utilizar um assistente de gravidade para mudar sua trajetória de voo e usar o vento solar como principal meio de orientação espacial durante o voo.

 

Fig. 4: Ultra zoom da sonda Messenger na cratera Apollodorus. Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Carnegie Institution of Washington.

 

Lançada em 3 de agosto de 2004, Messenger foi a segunda missão para Mercúrio da Nasa – National Aeronautics and Space Administration. Durante os sobrevoos pelo planeta (nos meses de janeiro e outubro de 2008 e setembro de 2009), Messenger fotografou áreas não vistas pela Mariner 10 e mediu a composição da superfície, atmosfera e magnetosfera. Ao ingressar na órbita de Mercúrio em 18 de março de 2011, a sonda deu início ao mapeamento do restante da superfície do planeta. Nos mais de quatro anos de operações orbitais, foram coletadas mais de 250.000 imagens e muitos outros conjuntos de dados.

 

Missões espaciais em Vênus: Programas Venera, Pioner e Mariner

 

Fig. 5: Modelo da Venera 4. Crédito: Armael / Wikipédia

 

Lançada em 27 de agosto de 1962, Mariner 2 foi a primeira missão robótica bem-sucedida a orbitar outro planeta. A sonda tinha o objetivo de coletar dados sobre a atmosfera e o meio interplanetário de Vênus. Ela foi construída em formato de hexágono para a instalação de painéis solares, juntos com antenas e instrumentos de medição. Tudo isso foi utilizado para detectar como a temperatura era distribuída no planeta, tornando sua atmosfera mais acessível para estudos. Cinco anos depois, em 1967, foi a vez do lançamento da Mariner 5. Essa sonda conseguiu dados ainda mais precisos sobre a temperatura e pressão atmosférica do planeta.

Outra das missões espaciais de destaque no planeta foi a do programa soviético Venera. Considerado inovador em diversos pontos, esse programa foi o primeiro a levar um equipamento humano a pousar em outro planeta e transmitir informações de lá. Num total de 16 missões, a primeira metade do programa foi planejada e construída para pousar no planeta. Já a outra metade foi planejada para funcionar aos pares. Enquanto uma sonda ficava orbitando o planeta, a outra descia e tinha o objetivo de coletar o máximo de dados possíveis por, pelo menos, 30 minutos antes de ser devastada pela atmosfera venusiana.

 

Missões em Marte: Programas Mariner, veículos exploradores (Spirit e Opportunity), sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), entre outros

Em novembro de 2018, o Insight pousou em Marte com o objetivo principal de detectar a atividade sísmica do planeta. Espera-se que os dados coletados pela sonda contribuam para os avanços nos estudos sobre a região que pode abrigar pistas não apenas da formação de Marte, mas também da Terra. Essa é só uma das missões espaciais em Marte, que segue disparado como o planeta que mais recebe espaçonaves robóticas.

 

Fig. 6: Uma das primeiras imagens da superfície marciana. Crédito: NASA/JPL-Caltech/Mars2020.

 

Em julho de 2020, por exemplo, vários países, alguns novatos na área, iniciaram suas missões espaciais direto para Marte. É o caso do veterano Estados Unidos, que lançou a missão Mars202 para levar Perseverance para coletar amostras de solo e fornecer uma melhor visão da superfície marciana. A China também iniciou sua primeira missão independente, Tianwen-1. Já o calouro Emirados Árabes Unidos teve sua estreia em missões espaciais com a chamada Hope Mars Mission (lançada pelo foguete japonês Mitsubishi Heavy Industries H-IIA).

 

Missões em Júpiter: Programas Pioneer (sondas 10 e 11) e Voyager (sondas 1 e 2), além das sondas Galileo e Juno

Lançada em 1972, a sonda Pioneer 10 chegou em Júpiter no ano seguinte e obteve as primeiras imagens do planeta, bem como de suas luas. Em 1973, outra sonda do programa foi lançada. A Pioneer 11 fez imagens da grande mancha vermelha de Júpiter, coletou informações sobre os polos do planeta e aferiu com precisão a massa do satélite natural Calisto. As últimas informações da posição da sonda foram registradas em 24 de novembro de 1995.

Ainda em Júpiter, as sondas do programa Voyager contribuíram para várias descobertas. Uma delas foi a revelação de que a “Grande Mancha Vermelha” no planeta se trata, na verdade, de uma imensa tempestade.

De todas as sondas, Galileo foi a única que orbitou completamente Júpiter até o presente momento. Foram 35 órbitas em 7 anos! O detalhe é que o gigante gasoso tem 70.000 quilômetros. Durante sua colisão com Júpiter, Galileo observou pedaços do cometa Shoemaker-Levy 9. Esse feito histórico do registro direto (gravado) de uma colisão extraterrestre no Sistema Solar foi o primeiro na história da humanidade e aconteceu em 22 de Julho de 1994.

 

Fig 7: Júpiter pela sonda Juno. Crédito: Imagem aprimorada de Kevin M. Gill/ NASA/ JPL-Caltech/ SwRI/ MSSS. In NASA PhotoJournal, 2019.

 

Já a sonda Juno fez história ao atingir o maior ponto de aproximação do planeta. A sonda passou 4.200 quilômetros acima das nuvens do planeta. Como se não bastasse a pouca distância, Juno estava munida de instrumentos de alta tecnologia que são capazes de atravessar as nuvens. O resultado foi uma coleta rica em detalhes da estrutura física do planeta. Lançada em 5 de agosto de 2011, Juno é movida a energia solar e tem o tamanho de uma quadra de basquete.

 

Missões em Saturno: Programa Pioneer (sonda 11) e Voyager (sonda 1), além da sonda Cassini

Em Saturno, a missão de Pioneer 11 era medir a temperatura e fotografar o enorme sistema de anéis do planeta. Durante a expedição, a sonda detectou novas regiões de anéis e aferiu com maior precisão a divisão entre eles. Ainda como parte das pesquisas, descobriu algumas luas orbitando o planeta.

 

Fig. 8: Concepção artística da nave-sonda Cassini-Huygens sobrevoando os anéis de Saturno. Jet Propultion Laboratory, JPL-NASA.

 

Uma ação conjunta das agências espaciais norte-americana (NASA) e europeia (ESA), o projeto Cassini-Huygens foi especialmente projetado para se aproximar do planeta Saturno e de seu sistema de luas. A nave Cassini e a sonda Huygens permitiram uma observação detalhada do segundo maior planeta do Sistema Solar. Isso porque elas viajaram próximo a vários objetos de Saturno em uma visita chamada “flyby” (sobrevoo), no qual você passa bem perto do planeta e, em alguns casos, orbita por lá várias vezes e, depois, segue o curso para outro astro.

 

Missões em Urano e Netuno: Programa Voyager (sonda 2)

 

Fig. 9: Comparação entre duas imagens de diferentes anéis de Urano. Essas fotos foram feitas pela Voyager 2 em 1986.

 

Lançada ao espaço em 20 de agosto de 1977, a sonda Voyager 2 visitou Urano em 24 de janeiro de 1986. A partir dela, foram revelados 11 satélites naturais e um anel ao redor de Urano. Passados alguns anos, em agosto de 1989, a sonda já coletava informações dos satélites naturais de Netuno. É o caso de Tritão. A missão revelou que essa lua possui vários vulcões de gelo (chamados de criovulcões), capazes de lançar jatos que congelam instantaneamente nos céus e retornam para o solo em forma de neve. Tritão é tido como um dos objetos mais frios do Sistema Solar, com cerca de – 240 ºC. Ao redor de Netuno, atualmente, estão 14 luas conhecidas, sendo seis descobertas pela equipe da Voyager 2.

 

Missões em Plutão: Sonda espacial New Horizons

Lançada em 19 de janeiro de 2006, a sonda New Horizons chegou em Plutão no ano de 2015 e teve como missão investigar o objeto celeste, bem como o Cinturão de Kuiper, uma região longínqua do Sistema Solar.

Nesse mesmo ano, Plutão virou assunto mundial ao ser reclassificado como planeta-anão, devido à semelhança com outros objetos da região. É o caso de Caronte, a maior lua de Plutão. Caronte é quase tão grande quanto Plutão, de modo que estes dois objetos orbitam ao redor de um centro comum, formando um tipo de “sistema binário de planetas”.

 

Fig. 10: Imagem de Plutão e da lua Caronte pela sonda New Horizons. Crédito: NASA Solar System Exploration.

 

 

Referências bibliográficas:

FARIAS, J. Andarilhos Celestes. In: COLONESE, P. (Org.) Os Mensageiros das Estrelas: Sistema Solar, volume 1, – Rio de Janeiro: Fiocruz – COC, 2020. p. 39-66. Disponível em: <https://museudavida.fiocruz.br/images/Publicacoes_Educacao/PDFs/OMESSolar2020vol1.pdf> Acesso em 5 de abril. 2023.

FARIAS, J. Andarilhos Celestes. In: COLONESE, P. (Org.) Os Mensageiros das Estrelas: Sistema Solar, volume 3, – Rio de Janeiro: Fiocruz – COC, 2020. p. 41-67. Disponível em: <https://museudavida.fiocruz.br/images/Publicacoes_Educacao/PDFs/OMESSolar2020vol3.pdf> Acesso em 5 de abril. 2023.

FARIAS, J. Andarilhos Celestes. In: COLONESE, P. (Org.) Os Mensageiros das Estrelas: Sistema Solar, volume 4, – Rio de Janeiro: Fiocruz – COC, 2021. p. 40-65. Disponível em: <https://museudavida.fiocruz.br/images/Publicacoes_Educacao/PDFs/OMESSolar2021vol4.pdf> Acesso em 5 de abril. 2023.

FARIAS, J. Andarilhos Celestes. In: COLONESE, P. (Org.) Os Mensageiros das Estrelas: Sistema Solar, volume 5, – Rio de Janeiro: Fiocruz – COC, 2021. p. 42-66. Disponível em: <https://museudavida.fiocruz.br/images/Publicacoes_Educacao/PDFs/OMESSolar2021vol5.pdf> Acesso em 5 de abril. 2023.

FARIAS, J. Andarilhos Celestes. In: COLONESE, P. (Org.) Os Mensageiros das Estrelas: Sistema Solar, volume 6, – Rio de Janeiro: Fiocruz – COC, 2021. p. 34-57. Disponível em: <https://museudavida.fiocruz.br/images/Publicacoes_Educacao/PDFs/OMESSolar2021vol6.pdf> Acesso em 5 de abril. 2023.

FARIAS, J. Andarilhos Celestes. In: COLONESE, P. (Org.) Os Mensageiros das Estrelas: Sistema Solar, volume 7, – Rio de Janeiro: Fiocruz – COC, 2021. p. 30-59. Disponível em: <https://museudavida.fiocruz.br/images/Publicacoes_Educacao/PDFs/OMESSolar2021vol7.pdf> Acesso em 5 de abril. 2023.

FARIAS, J. Andarilhos Celestes. In: COLONESE, P. (Org.) Os Mensageiros das Estrelas: Sistema Solar, volume 8, – Rio de Janeiro: Fiocruz – COC, 2021. p. 32-58. Disponível em: <https://museudavida.fiocruz.br/images/Publicacoes_Educacao/PDFs/OMESSolar2021vol8.pdf> Acesso em 5 de abril. 2023.

FARIAS, J. Andarilhos Celestes. In: COLONESE, P. (Org.) Os Mensageiros das Estrelas: Sistema Solar, volume 9, – Rio de Janeiro: Fiocruz – COC, 2021. p. 29-63. Disponível em: <https://museudavida.fiocruz.br/images/Publicacoes_Educacao/PDFs/OMESSolar2021vol9.pdf > Acesso em 5 de abril. 2023.

 

 

Para saber mais detalhes sobre essas e outras missões espaciais, acesse todos os volumes da coleção ‘Os Mensageiros das Estrelas’. Conheça outros conteúdos astronômicos no site do Museu da Vida Fiocruz

 

Por  Jackson de Farias, sob supervisão de Paulo Henrique Colonese. Adaptado por Renata Bohrer para o Invivo.

Data Publicação: 13/04/2023