Por: Juliana Rocha
Furacão, tufão e ciclone são nomes regionais para fortes ciclones tropicais. Os meteorologistas chamam de ciclones tropicais as grandes quantidades de ar com baixa pressão atmosférica que se movem de forma organizada sobre os mares da região equatorial da Terra. Nem todos os ciclones tropicais se transformam em furacões; alguns desaparecem poucas horas depois de formados.
Para que um ciclone tropical passe a ser chamado de furacão, é preciso que seus ventos alcancem a velocidade de 120 km/h. Quando isto acontece, o ciclone assume a forma de uma rosca e é batizado pelos meteorologistas com nomes como Catarina, Andrews, Ophelia…
Você sabia que existem diferenças entre os furacões que se formam no hemisfério norte e os que se formam no hemisfério sul? Os ventos dos furacões que nascem no hemisfério norte sopram em sentido anti-horário, enquanto os ventos daqueles que nascem no hemisfério sul sopram em sentido horário. Isto acontece por causa da rotação da Terra e do chamado efeito Coriolis, que entorta os ventos em direções opostas em cada um dos hemisférios.
Mas não pense que a rotação da Terra seja capaz, por exemplo, de afetar o escoamento da água em pias ou vasos sanitários. Este movimento é muito lento para ser percebido assim! A direção que a água gira em pias e sanitários é determinada pelo formato desses objetos e pelo movimento inicial da água. Você pode conseguir fazer a água escoar tanto no sentido horário quando no sentido anti-horário, não importando em que hemisfério esteja. Não acredita? Então, experimente você mesmo!
Como se forma um furacão?
Já notou como a água do mar fica mais quente ao final de um dia ensolarado? Isto acontece porque o mar concentra e conserva o calor recebido durante o dia inteiro. Especialmente durante os meses de verão, os mares tropicais recebem grande quantidade de calor e se aquecem. Quando a superfície do mar supera os 26º Celsius, o processo natural de evaporação da água passa a acontecer mais rápido. Então, o ar que está logo acima da superfície absorve o vapor d’água resultante da evaporação, ficando mais quente e úmido. Quente, o ar começa a subir formando uma coluna com baixa pressão atmosférica em volta da qual começam a soprar ventos. Conforme a coluna de ar quente e úmido sobe, o vapor d’água condensa, transformando-se em pequenas gotas. Após algumas horas, as gotas se juntam e formam nuvens e, após alguns dias de formação de nuvens, chuvas e trovões começam a acontecer.
Quando os ventos que giram em volta da coluna de ar quente atingem 120 km/h, a pressão atmosférica em uma pequena área dentro da coluna cai muito depressa: é o aparecimento do chamado olho do furacão. O olho é uma região de calmaria, onde os ventos são leves, não ultrapassando os 32 km/h. Se você pudesse entrar em um furacão, primeiro sentiria ventos muito fortes soprando na sua direção, depois encontraria uma área mais quente e o sopro de uma brisa e, finalmente, chegaria em uma nova região com ventos violentos. Os ventos de um furacão podem atingir até 250 km/h!
Os furacões duram, em média, seis dias e viajam a uma velocidade que varia entre 19 km/h e 32 km/h. As tempestades completamente desenvolvidas se movem mais rápido que as tempestades jovens. Os furacões trazem ainda ondas de até 12 metros de altura e uma variação de até 5,5 m na quantidade normal de chuvas da região atingida.
A classificação dos furacões
Marilyn, Isabel, Floyd… Conhece algum desses nomes? Pois além de batizarem uma atriz norte-americana da década de 1950, uma princesa responsável pela abolição da escravatura no Brasil Imperial e um personagem da trilogia de filmes De volta para o futuro, estes são nomes de alguns dos grandes furacões da história.
A necessidade de diferenciar uma tempestade da outra fez com que os meteorologistas usassem o alfabeto fonético como sistema de nomenclatura. Assim, o primeiro furacão da estação recebe um nome iniciado pela letra a, como Audrey, o próximo recebe um nome iniciado pela letra b, como Barbara, o terceiro um nome iniciado por c, como Charles e assim por diante. A cada estação os nomes são trocados para que os novos furacões não sejam confundidos com os anteriores.
Embora esta seja a forma mais usada para se dar nome a um furacão, também existem outros sistemas. Na Arábia Saudita, por exemplo, os furacões são nomeados pela sigla ARB (Mar Arábico, em inglês) seguida dos dois últimos dígitos do ano e de um número indicando a sequência, ou seja, se é o primeiro, o segundo, o terceiro furacão da temporada e assim por diante. Quando um furacão atinge com muita gravidade uma região ou um país, este país pode ainda pedir às autoridades meteorológicas que o seu centro nacional de meteorologia seja responsável pelo batismo.
A Organização Meteorológica Mundial (WMO) dá nomes aos furacões nascidos sobre o Oceano Atlântico Norte e nas Filipinas. Já os furacões nascidos em outras áreas como, por exemplo, nos mares da China ou no Oceano Índico, são nomeados por Centros Regionais de Ciclones Tropicais. Existem cinco centros regionais que cobrem as áreas mais comuns de formação de furacões: RSMC La Réunion-Tropical Cyclone Centre, RSMC Miami-Hurricane Centre, RSMC Nadi-Tropical Cyclone Centre, RSMC , RSMC Tokyo-Typhoon Centre.
Os furacões recebem ainda uma outra classificação dentro de uma escala chamada Saffir-Simpson, que considera a pressão medida no olho, a velocidade dos ventos e o volume das tempestades. Essa escala, que vai de um a cinco, consegue medir o poder de destruição de um furacão.
Furacões do nível um têm ventos com velocidade entre 119 km/h e 153 km/h, uma variação de 1,2 m e 1,5 m na quantidade normal de chuva da região e causam pequeno prejuízo estrutural. Furacões do nível dois têm ventos entre 154 km/h e 176 km/h, trazem entre 1,8 m e 2,4 m a mais de chuvas e danos em árvores e telhados. Já os furacões do nível três têm ventos entre 177 km/h e 208 km/h, entre 2,7 m e 3,7 m a mais de chuvas, causando enchentes e estragos em casas.
Furacões do nível quatro têm ventos entre 209km/h e 246km/h, uma variação de 4 m a 5,5 m na quantidade normal de chuvas, e causam destruição de telhados e grande prejuízo estrutural em casas. Os furacões mais devastadores são os do nível cinco, que têm ventos de 247 km/h, trazem 5,5 m a mais em quantidade de chuvas, enchentes graves e grande prejuízo estrutural em casas e prédios.
Imagens:* 6-20 de setembro, 2003. Foto: NASA.
** 27 agosto, 1997. Foto de satélite/University of Wisconsin Cooperative Institute for Meteorological Satellite Studies.
**Nova Orleans após a passagem do Katrina. Foto: Suboficial Kyle Niemi. US Coast Guard/Wikipedia.
Fontes:
National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA)
Hurricane Research Division – Atlantic Oceanographic and Meteorological Laboratory (HRD/AOML/NOAA)
The Online Tornado FAQ – Storm Prediction Center (SPC/NOAA)
Data Publicação: 30/11/2021