Por: Maria Ramos
Não é outro filme do Batman, mas os pinguins retornaram às telas do cinema. E desta vez, ficaram com o papel principal. Estamos falando do filme-documentário A Marcha dos Pinguins, um relato da maratona dos pinguins-imperadores, que precisam caminhar dezenas de quilômetros na gélida Antártica para ter a sua cria, um único filhote, num local distante de predadores. A migração acontece todos os anos durante o inverno, no período do acasalamento.
Sucesso de público, o filme francês de maior bilheteria já registrada no cinema americano trouxe esses curiosos animaizinhos, que andam meio desengonçados e parecem estar sempre de casaca, de volta ao imaginário coletivo. Mas, o que muita gente não sabe é que existe uma grande variedade de pinguins, 17 espécies, e que nem todas moram no gelo…
Praia, sol, mar… E pinguim?!
Os pinguins são aves não voadoras pertencentes à família Spheniscidae. Muito sociais, normalmente andam juntos e nadam em grupo. Vivem em média 15 a 20 anos. A maior espécie de pinguim é o imperador (Aptenodytes forsteri). Encontrado na Antártica, mede pouco mais de um metro de altura e pesa entre 27 e 41 quilos. Esse é o astro do filme, também considerado, por muitos, um dos pinguins mais bonitos. O menor é o pinguim-azul (Eudyptula minor), que vive na Austrália e na Nova Zelândia, mede 40 centímetros e pesa cerca de um quilo.
Embora todas as espécies de pinguins sejam nativas do hemisfério Sul, nem todas vivem no clima polar, ao contrário do que muitas pessoas acreditam. É verdade que a maior diversidade de pinguins realmente se encontra na Antártica, mas algumas espécies vivem em regiões temperadas e até mesmo tropicais, como por exemplo, nas Ilhas Galápagos.
O pinguim de Magalhães, por exemplo, mora em climas mais amenos e, no inverno, especialmente nos meses de junho a setembro, costuma aparecer aqui nas nossas praias. Essa espécie vive nas Ilhas Malvinas e ao longo da costa da Patagônia, da Argentina ao Chile. Os indivíduos mais jovens e fracos, quando entram em correntes marítimas mais fortes, podem não conseguir retornar e acabam aportando no litoral brasileiro.
A fidelidade é característica marcante entre os casais de pinguins. Em geral, eles mantêm somente um parceiro durante o período reprodutivo. Algumas espécies se mantêm, ainda, fiéis ao mesmo parceiro a cada ano. O divórcio raramente acontece e, quando ocorre, normalmente deve-se a problemas na reprodução ou quando um dos parceiros não cuida adequadamente da sua cria.
Uma ave campeã de natação
Por não poderem voar, os pinguins, em sua maioria, vivem em ilhas e regiões remotas, buscando se distanciar ao máximo de predadores terrestres. Mas se por um lado, eles não possuem habilidade para o voo, por outro, são muito bem adaptados à vida marinha. Algumas espécies chegam a passar até 75% da sua vida no mar.
O corpo do pinguim, por si só, já mostra que é um ótimo nadador: fusiforme, ou seja, mais estreito nas extremidades que no centro, asas atrofiadas que desempenham a função de barbatanas, penas impermeáveis, e um esqueleto robusto e pesado. Todas essas características contribuem na hora de mergulhar em busca de alimento.
Apesar de passarem muito tempo no mar, os pinguins não respiram debaixo d’água e, portanto, precisam subir constantemente à superfície para respirar. Por isso, não costumam mergulhar muito fundo. Também, nem precisam: a maioria dos animais que constam de sua dieta está nas camadas superiores do oceano. Sua alimentação é basicamente composta de pequenos peixes, crustáceos e outras formas de vida marinha.
Cerca de metade dos pinguins, quando está no mar, não ultrapassa os 10 metros de profundidade, e o mergulho dura normalmente cerca de 20 a 30 segundos. Em caso de necessidade, no entanto, pinguins grandes podem mergulhar a profundidades bem maiores. O recorde é de um pinguim-imperador que alcançou 535 metros. Incrível, não?!!
Os pinguins podem nadar a até 14 km por hora, embora geralmente não ultrapassem a metade desta velocidade.
Um cobertor superpotente
Mas você deve estar se perguntando como os pinguins sobrevivem no meio do gelo a temperaturas tão baixas. É que, com exceção dos que vivem em regiões tropicais, o corpo do pinguim é todo adaptado para climas frios.
Além de suas penas espessas e impermeáveis, que não deixam a água entrar em contato com a pele e ainda protegem do vento frio, os pinguins também possuem grandes depósitos de gordura sob a pele, que funcionam como uma espécie de cobertor. Para poupar energia e evitar a perda de suas reservas de gordura, quando estão em terra nas regiões polares, escorregam na neve de barriga. Muito fofo, não?
A plumagem preta das costas também absorve o calor do sol, ajudando-os a manterem-se aquecidos. Seu sistema circulatório contribui para regular a temperatura, que varia em torno de 38 e 39 graus Celsius, mesmo em temperaturas ambiente de vários graus abaixo de zero.
Enquanto a plumagem for esparsa, os filhotes contam com a proteção dos pais. Até estarem mais desenvolvidos, eles os carregam sob os pés para evitar que percam muito calor e acabem morrendo de hipotermia (baixa temperatura).
Mas não é só com o frio que um pinguim tem que se preocupar. Ele também precisa se proteger de predadores, como leões marinhos, orcas, tubarões e focas leopardos. Para isso, dentro da água, tira vantagem da sua coloração mediante camuflagem. Seu dorso escuro, geralmente preto, ajuda-o a fundir-se com as águas escuras quando visto de cima. Seu ventre branco faz com que presas e predadores o confundam com o céu claro, quando visto de baixo.
Fotos*National Science Foundation>
Fontes de informações:
Antartic and Southern Ocean Coalition
International Penguin Conservation Work Group
Data Publicação: 25/11/2021