Fig 1. Que tal uma salada de flores comestíveis? Crédito: Nikolay_Donetsk/iStock

 

Saiba como identificar as PANCs corretamente e onde essas Plantas Alimentícias Não Convencionais podem ser encontradas

Você já imaginou poder diversificar sua alimentação com plantas que muitas vezes passam despercebidas, mas que oferecem uma incrível variedade de sabores, texturas e benefícios nutricionais? As PANCs, ou Plantas Alimentícias Não Convencionais, são exatamente isso! Com nomes curiosos e propriedades surpreendentes, essas plantas são uma ótima alternativa para enriquecer sua dieta e aproveitar ao máximo o que a natureza tem a oferecer. Talvez você tenha PANCs na sua casa… E nem sabe!

As escolhas alimentares geram impactos importantes na saúde humana e no ambiente. O aumento do consumo de produtos altamente processados e com baixa qualidade nutricional está contribuindo para o surgimento de doenças crônicas e degenerativas, como hipertensão, diabetes, câncer e obesidade. Além disso, a falta de contato com a natureza, especialmente entre as crianças, está levando a um distanciamento preocupante, conhecido como transtorno do déficit de natureza, que se manifesta em problemas comportamentais e de saúde.

Diante desse cenário, é fundamental adotar uma alimentação que promova qualidade de vida, segurança alimentar e nutricional, respeitando a cultura local e estimulando práticas agrícolas sustentáveis. É necessário buscar o equilíbrio entre produtividade, sustentabilidade e qualidade nutricional, apoiando a agricultura familiar e o comércio justo, respeitando a biodiversidade e a sazonalidade dos alimentos. Essa abordagem não só beneficia a saúde das pessoas, mas também contribui para a preservação do ambiente e a promoção de um estilo de vida mais saudável e conectado com a natureza.

 

O ABC das PLANCs

Mas… Como assim “não convencional”?
Para uma planta ser considerada uma PANC, é necessário analisar o contexto em que ela está inserida. Em algumas regiões, essas plantas são consumidas no dia a dia e são consideradas tradicionais. O Brasil possui um grande potencial para explorar as PANCs, sejam elas nativas ou vindas de outros lugares.
O nome “não convencional” foi dado a essas plantas por elas não serem tão comuns no nosso cotidiano e por não fazerem parte de uma cadeia produtiva já estabelecida (não são facilmente encontradas em mercados, por exemplo).

 

Como consumir as PANCs?
As PANCs podem ser incorporadas no cardápio do dia a dia. Não é necessário ser um chef de cozinha para utilizá-las; muitas receitas podem ser adaptadas substituindo os ingredientes convencionais pelas PANCs. Cada planta possui sua própria peculiaridade e forma de consumo.

 

Como saber se minha planta é uma PANC ou não?
É importante identificar corretamente as PANCs, pois algumas plantas podem ter partes comestíveis não conhecidas ou consumidas pela maioria das pessoas. É fundamental ter certeza do que está sendo consumido, evitando confusões que podem gerar problemas de saúde. Uma dica é sempre verificar se o nome científico corresponde à planta.

 

Onde encontrar as PANCs?
Calçadas e ruas podem ser ambientes poluídos e contaminados, por isso é recomendável adquirir as PANCs em locais com procedência confiável. Feiras orgânicas e agroecológicas são ótimos lugares para encontrar PANCs para consumo, sementes ou mudas.

 

Que benefícios as PANCs trazem para a saúde?
O consumo de PANCs traz diversos benefícios para a saúde, contribuindo para a diversidade da alimentação e a garantia da segurança alimentar e nutricional. Essas plantas apresentam um potencial nutritivo surpreendente, sendo ricas em compostos bioativos, fibras alimentares, aminoácidos essenciais, vitaminas, proteínas, carboidratos, antioxidantes e ômega 3.

 

As Plantas Comestíveis Não Convencionais são uma verdadeira riqueza da natureza, oferecendo uma variedade incrível de sabores, texturas e benefícios nutricionais. Incluir essas plantas em nossa alimentação pode ser não apenas uma forma de diversificar os pratos, mas também de promover uma alimentação mais saudável e sustentável. Que tal experimentar algumas dessas PANCs e descobrir novos sabores e nutrientes para sua dieta?

 

Ora-pro-nóbis (Pereskia aculeata)

Talvez uma das mais conhecidas, a ora-pro-nóbis é uma planta rica em proteínas, fibras e vitaminas A, B e C, além de minerais como cálcio, ferro e fósforo. Suas folhas podem ser utilizadas em saladas, refogados, sopas e até mesmo sucos, adicionando um toque especial à dieta.

 

Fig 2. Ora-pro-nóbis pode ser consumida em refogado, tal como na imagem acima. Crédito: cabuscaa/iStock

 

Taioba (Xanthosoma sagittifolium)

A taioba é outra PANC bastante nutritiva, sendo uma ótima fonte de vitamina A, ferro, cálcio e fósforo. Suas folhas podem ser consumidas refogadas, em saladas ou em sopas, proporcionando sabor e nutrientes essenciais à nossa saúde.

 

Fig 3. A taioba pode ser utilizada de várias formas, entre elas, como recheio de diferentes pratos. Crédito: Rodrigo Moreira/iStock

 

Caruru (Amaranthus viridis)

Rico em ferro, cálcio, fósforo e vitaminas A e C, o caruru é uma excelente opção para incluir nas refeições. Pode ser utilizado em refogados, saladas e sopas, garantindo um aporte nutricional extra e um sabor único aos pratos.

 

Fig 4. Em algumas regiões do país, tal como Pernambuco, as plantas do gênero Amaranthus são conhecidas como bredo. Crédito: Abdul Hamid Rohandi/iStock

 

Capuchinha (Tropaeolum majus)

As flores e folhas da capuchinha são ricas em vitamina C, ferro e enxofre. Podem ser consumidas cruas em saladas, adicionando cor e sabor, além de nutrientes essenciais à nossa saúde.

 

Fig 5. As folhas e flores de Tropaeolum majus possuem sabor fresco e picante. Crédito: Julie Anne Workman/ Wikimedia Commons

 

Jambu (Acmella oleracea)

Conhecido pelo efeito “choque” que causa na boca, o jambu é uma planta rica em vitamina C e cálcio. Suas folhas são ideais para serem utilizadas em saladas e refogados, adicionando um toque exótico e estimulante às refeições.

 

Fig 6. O jambu é típico da Região Norte do Brasil. Crédito: Vilseskogen/Flickr

 

Peixinho (Stachys byzantina)

O peixinho é rico em vitamina C, ferro e cálcio. Suas folhas macias podem ser consumidas cruas em saladas, proporcionando um sabor suave e nutritivo.

 

Fig 7. As folhas da planta Stachys byzantina podem ser consumidas tal como peixe frito, isto é, à milanesa e fritas e o sabor é similar ao de peixe. Crédito: Rodrigo Moreira/iStock

 

Beldroega (Portulaca oleracea)

Com alto teor de ômega-3, vitaminas A, C e E, além de minerais como ferro, cálcio e potássio, a beldroega é uma excelente opção para enriquecer saladas e refogados, oferecendo benefícios nutricionais importantes para nossa saúde.

 

Fig 8. A beldroega possui folhas suculentas e sabor ácido. Crédito: oykuozgu/iStock

 

Orelha-de-padre (Opuntia cochenillifera)

Os frutos da orelha-de-padre são uma fonte rica em vitamina C, cálcio, fósforo e ferro. Podem ser consumidos in natura ou em sucos, adicionando um sabor único e nutritivo às nossas refeições.

 

Fig 9. A Opuntia cochenillifera é bastante comum na Região Nordeste do Brasil. Crédito:Alfribeiro/iStock

 

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Fontes consultadas:

Machado, Ana Cristina et al. Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC). Disponível em: https://cursosextensao.usp.br/pluginfile.php/772923/mod_book/intro/PANC.pdf. Acesso em 03 de abril de 2024.

Monteiro, Maria Isabel Fidelis Monteiro e Abreu, Karla Maria Pedra de. Instituto Federal do Espírito Santo. Plantas Alimentícias Não Convencionais: Resgatando Saberes e Sabores. Disponível em: https://alegre.ifes.edu.br/images/conteudo/Publicacoes/2023/Ebook_PANC.pdf. Acesso em 03 de abril de 2024.

Sartori, Valdirene Camatti et al. Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC): Resgatando a soberania alimentar e nutricional. Disponível em: https://www.ucs.br/site/midia/arquivos/ebook-plantas-alimenticias.pdf. Acesso em 03 de abril de 2024.

 

Por Melissa Cannabrava

Data Publicação: 02/05/2024