Fig 1. Fundo do mar. Crédito: Cristian Palmer On Unsplash.

No mutualismo, a união (entre diferentes espécies!) faz a força. Descubra em cinco exemplos

Sabe aquela amizade para todas as horas? Aquela parceria que faz bem para você e pro seu amigo? Pois este tipo de relação também existe na natureza! E essa associação pode inclusive envolver organismos de espécies diferentes, recebendo então o nome de mutualismo. Vamos conhecer abaixo cinco exemplos que mostram de verdade que ter amigo é tudo na vida!

 

Micorriza: fungos e plantas

As raízes de muitas plantas possuem fungos que crescem junto ou dentro delas. Essa relação, que recebe o nome de micorriza, traz benefício para ambos. Por um lado, os fungos ajudam a planta a absorver água e minerais do solo, que são elementos essenciais para seu desenvolvimento. Já as plantas acabam fornecendo aos fungos açúcares e outros compostos que são produzidos na fotossíntese, isto é, no processo de geração de energia a partir da luz solar.

As plantas que são cultivadas em solos ricos em microrrizas se desenvolvem melhor. Assim, esta associação traz benefícios até para nós! Afinal, nossa agricultura seria muito menos produtiva sem as micorrizas.

 

Fig 1. Fungos formam um manto (branco) sobre a raiz de uma planta (marrom). Crédito: André-Ph. D. Picard/Wikimedia Commons

 

Liquens: fungos e algas

Já ouviu falar nos liquens? Os liquens são associações formadas por algas e fungos ou por cianobactérias e fungos. Lembra das cianobactérias? São aqueles microrganismos conhecidos por formar “tapetes azuis ou verdes” em lagos e oceanos. Já falamos aqui sobre sua importância para o desenvolvimento da vida na Terra.

Os líquens são mais um exemplo de mutualismo. Essas associações podem crescer sobre rochas, troncos e outras superfícies, mas, em geral, se desenvolvem em locais onde o ar é limpo, sem poluição.

Neste tipo de relação, mais uma vez, ambas as partes são beneficiadas. Por um lado, o organismo fotossintetizante (alga ou cianobactéria) fornece compostos de carbono (orgânicos) ao fungo. E este último garante um ambiente adequado para o crescimento do parceiro. Tudo porque os filamentos dos fungos formam um arranjo que favorece trocas gasosas e protege a alga ou cianobactéria do ressecamento. Além disso, os fungos também secretam ácidos que ajudam o parceiro fotossintetizante a absorver minerais.

 

Fig 2. Liquens (verde e vermelho) sobre tronco de árvore (marrom). Crédito: Liou Yin/Wikimedia Commons

 

Cupim e triconinfas

Quando você vê uma concentração de pó de madeira embaixo de um móvel logo pensa nos cupins? É, provavelmente, são eles… Mas não sozinhos! E sabe por quê? Porque os cupins vivem acompanhados de triconinfas, organismos unicelulares que habitam seu intestino. Essa associação é mais um exemplo de mutualismo.

Embora os cupins ingiram madeira, eles não conseguem digeri-la. A digestão deste material é feita pelas triconinfas. São esses microrganismos que degradam a celulose, um dos componentes da madeira, e a transformam em energia, que serve de alimento para o inseto. Mas não são apenas os cupins que saem beneficiados, já que eles também fornecem nutrientes e abrigo para as triconinfas.

 

Fig 3. Triconinfa vive no intestino de cupins. Crédito: Tai V, James ER, Perlman SJ, Keeling PJ/Wikimedia Commons

 

Peixe-lanterna e bactérias

Já ouviu falar em peixe luminoso? Sim, ele existe! E é o mutualismo que explica esse mistério! O peixe-lanterna tem um órgão abaixo de seus olhos que emite luz.

A luz é usada para atrair presas e para que ele possa se comunicar com outros peixes. Mas não é exatamente o peixe que a produz. O órgão abaixo dos olhos do peixe-lanterna contém bactérias que produzem luz, chamadas de bioluminescentes.

E as bactérias também não saem perdendo nessa relação! Afinal, enquanto fornecem luz para o peixe, elas recebem nutrientes necessários para sua sobrevivência.

 

Fig 4. Peixe-lanterna da espécie Photoblepharon palpebratus. Em azul, órgão onde bactérias bioluminescentes ficam concentradas e emitem luz. Crédito: Joachim S. Müller/Flickr

 

Corais e algas

Corais são animais marinhos do grupo dos cnidários que chamam atenção por sua beleza e cores vibrantes. Mas sabia que os responsáveis por essa coloração são seres microscópicos? Sim, são as algas, conhecidas como zooxantelas. Elas vivem nas células de corais que dão o colorido a esses animais. Também fornecem alimento e oxigênio, produtos da fotossíntese, aos corais. E, em contrapartida, os corais abrigam as zooxantelas, protegendo-as, além de fornecerem ainda gás carbônico e nutrientes.

 

Fig 5. Foto panorâmica de recife de corais. Crédito: Francesco Ungaro/Pexels

 

A relação é benéfica para ambos, no entanto, está ameaçada pelas ações humanas. A poluição e alterações no ambiente aquático, por exemplo, na temperatura, na salinidade e na acidez dos oceanos podem levar à expulsão das zooxantelas ou comprometer sua pigmentação. Com isso, os corais perdem seu colorido, o que é chamado de branqueamento.

Este fenômeno representa um problema ecológico grave, pois os recifes de corais proporcionam alimento e habitat para muitas espécies de seres vivos.

 

Fig 6. Recife de corais afetado por branqueamento. Crédito: Bruno de Giusti/Wikimedia Commons

 

 

Fontes consultadas:

Reece J et al. Biologia de Campbell. Porto Alegre: Artmed, 2015. 10 ed.

Moraes, Paula Louredo. “Micorrizas”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/micorrizas.htm. Acesso em 27 de fevereiro de 2023.

Santos, Vanessa Sardinha dos. “Líquens”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/liquens.htm. Acesso em 27 de fevereiro de 2023.

Santos, Vanessa Sardinha dos. “Branqueamento de corais”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/branqueamento-corais.htm. Acesso em 27 de fevereiro de 2023.

 

Por Teresa Santos

Data Publicação: 05/04/2023