Por: Daniele Souza
Você já deve ter ouvido falar no bairro de Manguinhos, não? Mas não foi sempre assim. O conceito de “região de Manguinhos” abrange elementos históricos, administrativos, geográficos e sociais, bem além da localização do campus da Fundação Oswaldo Cruz. A palavra bairro é muito recente. Antigamente, as pessoas utilizavam a palavra Freguesia, termo utilizado pela igreja em tempos coloniais.
As cidades eram divididas em freguesias ou paróquias que limitavam os territórios, inicialmente por jurisdição religiosa, depois administrativa. A primeira freguesia foi a de São Sebastião. Com a expansão territorial e o aumento da população, as freguesias foram sendo alteradas, diminuídas ou aumentadas, enquanto novas freguesias surgiam.
A região de Manguinhos estava na Freguesia de Inhaúma, então rural, e mais próxima da cidade do Rio de Janeiro, cujo território abrangia diversos bairros atuais: Olaria, Riachuelo, Del Castilho, Cascadura, entre outros.
E o nome Inhaúma; de onde vem? Nesta região, havia um pássaro preto, então muito comum, chamado de Inhuma (Anhima cornuta ). Uma ave preta com um chifre pontiagudo sobre a cabeça, habitante de lugares pantanosos. Mas, na prática, ela também era conhecida por Anhuma, Inhúma, Inhaum. Dessas e outras alterações, teria surgido o termo Inhaúma.
No litoral da freguesia, muito antes da atual avenida Brasil, o porto de Mariaangú e os mangues apresentavam intensa movimentação de embarcações e cargas. Por terra, existia a Estrada de Santa Cruz, construída pelos jesuítas, que também era uma ligação com São Paulo e Minas Gerais.
Por volta de 1743, Inhaúma contava com diversas fazendas, destacando-se as do Engenho Novo e do Engenho da Pedra, dentro do qual o atual campus da Fiocruz estaria localizado.
Inicialmente, a freguesia se desenvolveu produzindo gêneros de subsistência, posteriormente acompanhou o ciclo do café, até ser loteada para fins residenciais, a partir de 1870. Quando já existiam as propriedades, Luiz Joaquim Duque Estrada Mëier vendeu a Fazenda de Manguinhos, que tinha este nome devido aos mangues existentes na região. Abandonada, a fazenda foi desapropriada pelo governo municipal, que pretendia ali instalar, por ser isolado da cidade, grandes incineradores de lixo.
Ilustração: Siqueira
Data Publicação: 03/12/2021