Quando se fala em HIV, uma das estratégias mais importantes para prevenção é ela: a camisinha! Mas sabia que, além do preservativo, existem outras medidas importantes? É o caso, por exemplo, da PEP e da PrEP! Os nomes até são parecidos, mas, muita calma, pois não são a mesma coisa. A nossa missão aqui será desvendar o que são essas siglas e quais as suas funções!

Conhecendo as medidas preventivas contra o HIV

HIV é sigla para o vírus da imunodeficiência humana, que ataca o sistema de defesa do corpo e pode causar aids.

O termo profilaxia é usado na medicina para designar medidas ou cuidados preventivos que buscam evitar doenças. No caso do HIV, os preservativos (as famosas camisinhas!) impedem a passagem do vírus de um parceiro para outro durante o sexo. E tem preservativo masculino e também feminino. Confere só as imagens abaixo!

Na imagem, o preservativo branco é uma camisinha feminina, enquanto o laranja é a camisinha masculina. Crédito: Reproductive Health Supplies Coalition/Unsplash

Na imagem, o preservativo branco é uma camisinha feminina, enquanto o laranja é a camisinha masculina. Crédito: Reproductive Health Supplies Coalition/Unsplash

Mas atualmente, além da camisinha, existem estratégias preventivas contra o HIV que são baseadas no uso de medicamentos. Estamos falando da PEP e da PrEP! O termo PEP quer dizer “profilaxia pós-exposição”, ou seja, os medicamentos são tomados após uma provável exposição ao HIV. Já PrEP significa “profilaxia pré-exposição”, neste caso a pessoa toma os remédios antes de ser exposta ao vírus. 

Alguns medicamentos funcionam como “escudos”, reduzindo o risco de adquirir o HIV. Crédito: Gam1983/iStok

 

A PEP

Diferentes situações podem trazer risco de infecção pelo HIV. É o caso, por exemplo, de situações de violência sexual ou do sexo consentido, porém sem camisinha (desprotegido). Alguns acidentes também podem expor uma pessoa ao vírus, como ferimentos causados por instrumentos que furam e cortam ou o contato direto com substâncias como sangue, sêmen e secreção vaginal contaminados. Todos esses exemplos podem justificar o uso da PEP, que é uma medida de prevenção de urgência.

Segundo o Dr. Nilo Martinez Fernandes, doutor em saúde coletiva e analista em saúde do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), sempre que houver uma provável exposição ao HIV, a pessoa deve utilizar a PEP até 72 horas após o evento de risco. E quanto mais cedo, melhor!

O primeiro passo é buscar atenção em um serviço do Sistema Único de Saúde (SUS). A PEP é oferecida gratuitamente pelo SUS. É possível encontrar centros que oferecem esse cuidado no site do Ministério da Saúde, mais especificamente no Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Clique aqui para acessar o link! Tanto PEP quanto PrEP só podem ser obtidas com a prescrição de um profissional de saúde licenciado para realizá-la.

No caso da PEP, primeiro é preciso fazer um teste para HIV para avaliar se a pessoa que sofreu a exposição já estava infectada ou não. “Caso o teste tenha um resultado positivo, será iniciado o tratamento e não a profilaxia. Caso o resultado do teste seja negativo para o HIV, deverá ser utilizado por 28 dias ininterruptos um esquema medicamentoso de PEP”, explicou o Dr. Nilo em entrevista ao Invivo. E, acrescentou que, após os 28 dias, é necessário fazer um novo teste para HIV para avaliar se o esquema funcionou.

O esquema da PEP envolve dois comprimidos. Um deles contém os medicamentos tenofovir e lamivudina, enquanto o outro comprimido contém o medicamento dolutegravir. Todos são chamados de antirretrovirais, pois são usados para tratar infecções por retrovírus, grupo de vírus do qual o HIV faz parte.

Retrovírus são um grupo de vírus que possuem uma enzima (indicada na imagem) que é capaz de transformar a cadeia simples de RNA em uma fita dupla de DNA. Crédito: Thomas Splettstoesser/Wikimedia Commons (adaptado por Invivo)

Vale lembrar que o Ministério da Saúde recomenda que toda pessoa com exposição sexual de risco ao HIV também faça testes para detectar hepatites A, B e C.

 

A PrEP

A PrEP, por sua vez, é um método que prepara o organismo para enfrentar um possível contato com o HIV. Segundo o Dr. Nilo, ela deve ser utilizada por pessoas que tenham vulnerabilidade para a infecção pelo HIV, como: pessoas que não se identificam com o gênero de nascimento (trans); homens que fazem sexo com homens; profissionais do sexo; pessoas que têm parceiros positivos para HIV; pessoas que têm relações sexuais frequentemente sem preservativos; pessoas que têm ou tiveram infecções sexualmente transmissíveis e pessoas que fizeram uso de PEP.

Quem faz parte de pelo menos um dos grupos acima e tem mais de 15 anos de idade pode obter PrEP também no SUS gratuitamente. Mais uma vez, é necessário passar por um profissional de saúde para avaliação. O site do Ministério da Saúde indica onde ter acesso à PrEP. Quer achar um serviço? Então, clica aqui!

Dr. Nilo explicou que a pessoa que segue a PrEP deve tomar um comprimido todo dia. Esse comprimido contém dois medicamentos antirretrovirais: tenofovir e entricitabina. Mas é possível que, futuramente, a forma de administração possa mudar. Isso porque, no momento, está em estudo no Brasil a PrEP de forma injetável com proteção para cada dois meses. Mas atenção: a PrEP leva até 20 dias para começar a fazer efeito!

Mas não vacile! Mesmo fazendo uso da PrEP, o Dr. Nilo alerta: “é indicado o uso concomitante de preservativos nas relações sexuais”. Afinal, temos que lembrar que a PrEP não protege contra outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), tal como sífilis e gonorreia. Portanto, camisinha sempre!!

E vale lembrar que o HIV continua sendo um grande problema de saúde pública mundial. Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2021 apontam que mais de 38 milhões de pessoas no mundo vivem com esse vírus. No Brasil, esse número é cerca de 960 mil. Somente no ano de 2021, a cada hora, pelo menos cinco brasileiros foram infectados pelo vírus HIV. Na prática, isso significa, segundo estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 50 mil novos casos no país. 

 

 

Fontes consultadas:

Ministério da Saúde. O que é? PEP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV). https://www.gov.br/aids/pt-br/assuntos/prevencao-combinada/pep-profilaxia-pos-exposicao-ao-hiv/o-que-e Atualização: 26 ago 2022. Acesso: 30 nov 2022

Ministério da Saúde. PrEP (Profilaxia Pré-Exposição). https://www.gov.br/aids/pt-br/assuntos/prevencao-combinada/prep-profilaxia-pre-exposicao/prep-profilaxia-pre-exposicao Atualização: 26 ago 2022. Acesso: 30 nov 2022

UNAIDS. Estatísticas. https://unaids.org.br/estatisticas/#:~:text=38%2C4%20milh%C3%B5es%20%5B33%2C,relacionadas%20%C3%A0%20AIDS%20em%202021 Acesso: 30 nov 2022

Mena F. A cada hora, 5 pessoas foram infectadas pelo HIV no Brasil em 2021. Folha de S. Paulo. https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2022/07/a-cada-hora-5-pessoas-foram-infectadas-pelo-hiv-no-brasil-em-2021.shtml Publicação: 27 jul 2022. Acesso: 30 nov 2022

OMS. HIV data and statistics. https://www.who.int/teams/global-hiv-hepatitis-and-stis-programmes/hiv/strategic-information/hiv-data-and-statistics. Acesso: 30 nov 2022

 

Por Teresa Santos

Data Publicação: 02/12/2022