Por: Elisa Batalha

 Queimadura de sol. Foto: Stock.xchng

Queimadura de sol. Foto: Stock.xchng

 As queimaduras causam dores muito fortes. Mas sabia que é possível queimar-se também com gelo? As queimaduras podem ser causadas por vários estímulos: térmicos (muito quente ou muito frio, o caso do gelo), químicos (por meio de ácidos, por exemplo) e até mesmo elétricos (um choque muito forte). A queimadura pode ter vários graus de acordo com a profundidade do machucado.

O tamanho da área queimada também é importante para determinar o quão dolorosa ela será. Aquelas queimaduras mais superficiais, que não dão bolhas costumam doer menos. É o caso de quando ficamos debaixo de um sol muito forte por muito tempo. O que acontece é que, além de estimular os nociceptores, a própria lesão da pele inicia um processo inflamatório. Assim ficamos mais sensíveis a estímulos que não seriam normalmente dolorosos. Por exemplo, você se queimou muito na praia e aquele seu amigo querido dá um abraço apertado em você. Ou então você toma um banho quentinho como você sempre fez, só que dessa vez dói muito! Isso acontece porque nessa inflamação que ocorre, os nociceptores ficam mais sensíveis ainda! Então coisas que antes não doíam passam a doer e coisas que já doem, doem mais ainda. Se a queimadura for mais profunda (o que esperamos que não aconteça com você nunca!) também pode acontecer lesão do nociceptor, o que acarreta numa dor mais intensa e duradoura ainda.

Ter capacidade de sentir dor é importante para alertar o organismo para o perigo. Porém, às vezes a dor não é tão nossa amiga assim. Ela pode se tornar persistente, por vários motivos, e isso não causar nenhum benefício ao indivíduo, muito pelo contrário. Além disso, há dores, como a das queimaduras, que são muito intensas e precisam ser combatidas, até para auxiliar a recuperação de lesões. Essas dores fortes e duradouras dificilmente são difíceis de eliminar com os remédios comuns, como a aspirina. Elas necessitam de medicamentos específicos e potentes, como a morfina.

Mas os remédios não têm só o lado positivo. Assim como muitos medicamentos, a morfina causa efeitos não desejados, além de não eliminar completamente alguns tipos de dor. A farmacologista Marília Zaluar Guimarães, do Departamento de Farmacologia Básica e Clínica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, explica que o receptor da morfina não está só envolvido com a dor, mas também com outras funções do nosso organismo, como controle da respiração e com sensações de recompensa (e por essa última razão muitas vezes causa dependência). “Poucos medicamentos existem que podem ser usados por muito tempo sem que isso seja prejudicial ao indivíduo. Por isso pesquisadores estão constantemente buscando alternativas”, afirma a pesquisadora. “O objetivo é encontrar substâncias para combater a dor que tenham ação somente no nociceptor ou nos demais neurônios envolvidos na sensação desagradável, e não nos outros. Presume-se que os medicamentos feitos a partir dessas substâncias apresentariam menos efeitos colaterais”.

Falar de dor pode ser um pouco triste, mas, na verdade, as pesquisas em busca da cura têm dado motivos para ficarmos alegres. É possível que um dia haja tratamento para todos os tipos de dor, como defende a farmacologista: “Sou uma otimista e acredito que muitos progressos estão sendo feitos para a compreensão do que é a dor e consequentemente alternativas para interceder nela irão aparecer”, afirma Marília.

O circuito do dodói

Data Publicação: 17/01/2022