Por: Bruno Delecave

Ilustração: Renan Alves

Ilustração: Renan Alves

Com apenas água, sol e terra, um vegetal é capaz de produzir seu próprio alimento. Isso é verdade para quase todos, mas algumas espécies exóticas também precisam comer carne. Estamos falando das incríveis plantas carnívoras.

Toda planta carnívora é capaz de atrair, prender e digerir vida animal. Mas não se assuste, não há risco de você virar jantar de plantas. Apenas animais pequenos – tais como insetos, aranhas ou pássaros miúdos – correm este risco.

Para comer, antes uma carnívora precisa atrair sua presa. Flores comuns atraem polinizadores com cores quentes e odores de néctar. As carnívoras utilizam as mesmas estratégias com o fim de devorar o que atraírem. A luz refletida nas gotas colantes de algumas espécies também é atrativa.

Armadilhas vegetais

Depois de atrair, é preciso prender a presa. Para isso, existem diferentes tipos de armadilhas – jaulas, jarros, folhas colantes e sucção.

Armadilha de jaula. Foto: Hisks.

Armadilha de jaula. Foto: Hisks.

Jarro gigante. Foto: Wikipedia.

Jarro gigante. Foto: Wikipedia.

As jaulas são folhas modificadas com a aparência de uma boca com dentes. É dividida em duas metades e, quando um animal pousa no meio, aciona um gatilho e fica preso. A Dionaea muscipula e a Aldrovanda vesiculosa possuem armadilhas deste tipo.

Os jarros – também chamados de ascídios – são folhas ocas, repletas de líquido digestivo. Algumas espécies têm tampas sobre os jarros – para proteger o líquido da água da chuva e impedir a fuga de animais capturados –, enquanto outras não. Os maiores espécimes de plantas carnívoras – pertencentes ao gênero Nepenthes – ostentam este tipo de armadilhas e são capazes de digerir, além de insetos e aranhas, ratos, rãs e pássaros pequenos.

As folhas colantes são as mais simples entre as armadilhas vegetais. Elas são formadas por gotas de uma substância pegajosa – a mucilagem – cobrindo folhas e caule. Quando um animal – geralmente um inseto voador – pousa, fica preso nas gotas, e, dependendo da espécie, a planta se dobra sobre ele para devorá-lo mais rápido. Comum no cerrado brasileiro, a Drosera montana prende suas presas desta forma.

Folha colante. Foto: Wikipedia.

Folha colante. Foto: Wikipedia.

Diferentemente das coloridas e chamativas armadilhas dos gêneros Nepenthes e Drosera, as de sucção ficam escondidas. Pequenas bolsas subterrâneas ou submersas ficam fechadas até terem seus gatilhos acionados por uma presa. Quando isto ocorre, uma porta se abre e a diferença de pressão faz com que tudo ao redor – inclusive a presa – seja sugado rapidamente para dentro da bolsa. Depois da porta se fechar, começa a digestão. Diversas espécies de Utricularia e Genlisea possuem armadilhas deste tipo.

Comer para quê?

As plantas carnívoras retiram dos animais devorados substâncias essenciais para sua sobrevivência, em especial o nitrogênio. Sem ele, um vegetal não consegue fazer a clorofila, necessária para transformar luz em energia química – processo conhecido como fotossíntese. Sem o nitrogênio, estas plantas também não conseguiriam crescer e se multiplicar, já que o DNA e as proteínas também são ricos em nitrogênio.

Armadilha de sucção. Foto: Wikipedia.

Armadilha de sucção. Foto: Wikipedia.

As plantas carnívoras ficam livres da dependência por solos ricos em nitratos, que são os compostos geralmente absorvidos pelos vegetais. Assim, elas prosperam onde outras plantas não conseguem, como no cerrado, em desertos, restingas e outros habitats com solos pobres em nutrientes. Mas, por outro lado, passam a depender do nitrogênio contido em proteínas animais.

Consultoria: Miguel Oliveira – Museu da Vida

Fonte: Plantas carnívoras do Brasil e do mundo

Data Publicação: 06/12/2021