Por: Daniele Souza

Como num passe de mágica, o piloto começa a correr, desce a rampa e, num instante, falta chão para continuar correndo. E já está no “mundo da lua”: simplesmente voando!!!

Mas, na verdade, isso não tem nada de mágica. Primeiro o piloto prepara a asa-delta. Observa a condição do tempo próximo à rampa. Prepara um aparelho chamado biruta (aparelho que indica a direção dos ventos de superfície) .  Coloca todos os apetrechos de segurança, como capacete, joelheira, entre outros. Depois é só esperar o melhor momento para saltar.

O que o piloto da asa-delta busca é uma condição “ideal” de voo. Uma atmosfera fria com sol, ar frio, mas aquecendo o chão,  pois surgem bolsões de ar quente que sobem. Os ventos que sobem as encostas das montanhas dão sustentação e, para prolongar o voo, o piloto procura as térmicas, ares que sobem aos céus.

O principal conceito ligado ao voo está na diferença de pressão entre a parte de cima e a parte de baixo da asa. Quando se tem um fluxo de um “fluido”, como o ar, em uma superfície de curvatura para cima, com a parte de cima mais encurvada que a parte de baixo ( como o perfil de uma asa-delta), o ar passa mais rápido em cima do que embaixo da asa.

No fundo, mesmo  percorrendo caminhos diferentes, o ar vai chegar ao mesmo tempo no final da asa. Só que como a parte de cima é mais longa do que a parte de baixo, a pressão na parte de cima é menor do que na parte de baixo, isto gera uma força para cima, a força de sustentação, que só ocorre se houver movimento, deslocamento da asa em relação ao ar; não ocorre se a asa estiver parada!

A asa delta é uma herança direta de um caminho histórico na busca do voo; uma superfície curva, sem torções. Chama-se asa-delta pela configuração estável, sem necessidade do leme usado nos primeiros planadores e aeroplanos; a compensação se dá na própria asa. Se a asa começa a levantar, a ponta da asa-delta empurra a asa para cima; Ao contrário, se a asa começa a baixar, a ponta empurra a asa para baixo, tendendo sempre a voar na horizontal.

Ao longo do tempo, foi descoberto o ponto de apoio. Imagine que não é só a asa-delta, existe o piloto. Ele tem de ficar localizado num ponto em que o peso dele não desequilibre a asa para frente, para trás ou para os lados. Tente fazer a experiência de equilibrar uma gaivota de papel numa caneta. Veja em que ponto ela não cai!

Então, hoje, o controle do movimento é dado pelo deslocamento do centro de gravidade. Por meio do triângulo, o piloto  joga o corpo para um lado e para o outro,  perna para frente ou para trás, modificando o ângulo de incidência da asa, a fim de subir, descer e empinar para os lados.

A asa delta sempre tem que estar andando em relação ao ar. Pode até ficar parada em relação à terra se estiver ventando lá em cima. Caso contrário, a asa inicia um voo descendente. Se o ar estiver completamente calmo e a asa for lançada na horizontal, o ar vai diminuir a velocidade da asa delta, diminuindo sustentação e, consequentemente, levando à queda.

Ao cair,  a asa ganha velocidade, até pela contribuição do próprio peso que, na direção do movimento da asa, chega a produzir uma força que compensa o atrito, podendo fazer um voo descendente.

Data Publicação: 30/11/2021