Por: Wagner Oliveira

Rondon II

Rondon II

Os dinossauros caíram definitivamente no gosto popular depois que Hollywood decidiu deslocá-los da pré-história para as telas de cinema do mundo inteiro. Spielberg transformou lagartões do passado, encontrados na América do Norte, como o Tiranossaurus rex, os velociraptors e os corpulentos dinos herbívoros de pescoço longo em astros de primeira grandeza, embutindo lições de genética, ética e preservação ambiental nos seus roteiros de Parque dos Dinossauros e Mundo Perdido.

Tudo bem ao gosto do cinemão americano. Mas caso o famoso cineasta decidisse usar animais de outras partes do mundo em seus roteiros pré-históricos, poderia escalar tranquilamente no elenco dinos que viveram em terras que hoje compõem o Brasil. Eles são tão grandes e diversificados como os parentes norte-americanos, como estão comprovando os achados em paleontologia registrados no Brasil a partir da década de 80.

Isso mesmo! Temos dinossauros em profusão embaixo dos nossos pés! Confira:

Um dos mais novos dinossauros carnívoros gigante é brasileiro. Com sete metros de comprimento por quase três de altura, o predador brutamontes foi desenterrado na região onde hoje fica a Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso. Viveu ali há 80 milhões de anos, durante o período Cretáceo, e entrou para a lista das maiores e mais temidas feras de todos os tempos. A fera foi inicialmente apelidada de Rondon II, numa homenagem ao Marechal Cândido Rondon.Depois recebeu o nome de Pycnonemosaurus nevesi ou Picnonemossauro. Rondon I refere-se a um dino herbívoro encontrado em Minas Gerais (veja box adiante)

Ao lado de criaturas assustadoras como o Tyrannosaurus rex e do galalau argentino Giganotossauro carolini, Rondon II era um dos gigantes que reinavam no topo da cadeia alimentar da pré-história. A equipe do Museu Nacional e do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), do Rio de Janeiro, encontrou várias costelas, tíbia, vértebras da cauda, bacia e vários dentes do animal, sendo dois em excelente estado. “Sabíamos que era um fóssil importante. Uma análise mais detalhada acabou mostrando que tínhamos um grande carnívoro”, explica o paleontólogo Alexander Kellner.

A possibilidade de existência de grandes carnívoros no Brasil era um mistério que intrigava os paleontólogos. Até a descoberta do animal do Mato Grosso, a maioria dos achados referentes a carnívoros no país era de dentes fossilizados.

Dente de dinossauro carnívoro, no Maranhão

Dente de dinossauro carnívoro, no Maranhão

O dinossauro brasileiro tem traços típicos de outros gigantes carnívoros. Os dentes com esmalte enrugado, que facilitavam a abertura do couro das presas, são iguais aos do Giganotossauro. O formato das vértebras é similar ao do Carnotaurus, outro grande predador. “Todos são animais bem grandes e próximos na cadeia evolutiva”, diz Kellner.

Mas Rondon II provavelmente não foi o único grande predador que viveu no território brasileiro na pré-história. No Maranhão já foram descobertos dezenas de dentes de Carcharodontosaurus saharicus, outro gigante que tinha mais de dez metros de comprimento por quatro de altura, também encontrado na África.

Data Publicação: 30/11/2021